Os Deuses Têm Sede

Os Deuses Têm Sede Anatole France




Resenhas - Os Deuses Têm Sede


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Geise @leiturasdageh 14/10/2024

Os deuses têm sede
é um livro ambientado na época da Revolução Francesa, mas especificamente na fase do Terror. Então recomendo que você, antes de adentrar a essa história, faça uma breve pesquisa sobre o que foi a Revolução e sobre essa fase. Isso ajudará você a ter um melhor entendimento da história. Já que nela você encontrará, em meio a ficção, muitos fatos e algumas pessoas que realmente existiram e estiveram envolvidos na Revolução.

Dito isso, que história viu!
Aqui vamos conhecer Evariste Gamelin, que é um pintor sem notoriedade, que vive com sua mãe. É considerado um homem íntegro e honesto, com muitos ideais, e por isso acaba se envolvendo com a política e sendo convidado a ser parte do Tribunal Revolucionário, onde ele poderá mandar qualquer pessoa á guilhotina. E assim vamos acompanhar um ser humano com boas intenções, tornar-se um fanático e um cego por justiça.

E eu achei a forma como o autor desenvolveu esse personagem muito interessante. Assim como todos os outros personagens. É uma história sim, sobre política, sobre revolução, mas também é uma história sobre humanidade. Em geral, achei uma história bem triste. Fiquei muito sentida pelo que a mãe do Evariste teve que enfrentar. As escolhas que ela teve que fazer.

Sabemos que a Revolução Francesa foi um grande marco para a humanidade. E que teve consequências muito boas e consequências ruins. E aqui nessa história vemos um pouco dessas consequências ruins.

E Anatole France foi laureado com o Prêmio Nobel da Literatura em 1921 e Os deuses têm sede foi publicado em 1912.
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abibliotecadamica 23/07/2024

Ótimo.
Os deuses têm sede (Les dieux ont soif), é um romance de 1912 escrito por Anatole France. Nascido em Paris, em 1844, foi poeta, jornalista e romancista, membro da Académie française e venceu o Prémio Nobel de Literatura em 1921.
A obra, ambientada em Paris entre os anos de 1793 e 1794, tem como contexto histórico a Revolução Francesa e nos apresenta Évariste Gamelin, um jovem pintor parisiense jacobino.
Vivendo na pobreza com sua mãe viúva em um sótão em Paris, dividindo um pedaço de pão para não morrer de fome, sonhando com uma possível fama como artista e fortemente comprometido com a causa revolucionária, Gamelin se torna jurado no Tribunal Revolucionário. Porém, apaixonada demais pelo chamado do poder e confiando cegamente nos objetivos da Revolução, Évariste revela a verdadeira malevolência dos impulsos humanos, tornando-se um fanático do Terror e condenando à morte, com profunda frieza, uma população prisioneira do medo.
O autor faz um trabalho maravilhoso ao capturar a tensão, a paranóia e o medo daqueles anos e nos faz refletir sobre o que nos tornamos quando deixamos um ideal nos consumir. Recomendo fortemente essa leitura, e especialmente essa edição linda da Editora Unesp, com tradução e notas do querido Jorge Coli.
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Marcos606 05/04/2023

Évariste Gamelin, um revolucionário fanático, é movido pela mecânica trágica do poder absoluto alterado pelo sangue, que revela a perversidade dos instintos humanos. Pintor fracassado, torna-se jurado do Tribunal Revolucionário, condenando-o à morte com indiferença. Ele também será vítima dessa lógica terrorista.
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Valéria Ribeiro 08/01/2023

Ça ira
A  importância histórica da Revolução Francesa  é  inquestionável.  Seus slogans são repercutidos ao longo de mais de 300 anos. Liberdade,  igualdade e fraternidade impulsionaram os ideais republicanos.

Nesta obra , Anatole France mostra-nos o custo dessas palavras. Em uma França pós-revolução, vemos uma população sequestrada pelo medo.  Patrulhas fanáticas de juízes e jurados prendem e conduzem à morte pessoas que entendem contrarrevolucionárias. Muitas delas ao menos compreendem os motivos de sua condenação.

Mais do que demonstrar os meandros dos processos acusatórios ou os incidentes diretamente relacionados às figuras históricas, o autor expõe o clima reinante em Paris no século XVIII no que respeita ao povo. Este demonstra estar cansado de delatores, de execuções públicas e de sangue.

Vemos também as disputas internas entre os integrantes da revolução. Chefes revolucionários sucedem-se uns aos outros no poder e no patíbulo que sustém a guilhotina. Robespierre, entre outros, depois de comandar o Terror,  termina guilhotinado. Marat, assassinado. Insegurança é a tônica daquele momento.

As personagens do filósofo e do religioso são as mais interessantes,  na minha opinião. Suas visões antagônicas expõem os sentimentos reinantes naquele período. Vemos, ainda, como Evariste Gamelin, o protagonista, galgou o caminho do fanatismo político.

Jacques Anatole François Thibault, mais conhecido como Anatole France (Paris, 16 de abril de 1844 ? Saint-Cyr-sur-Loire, 12 de outubro de 1924) foi um escritor francês.
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Ramon.Amorim 15/10/2022

"Seria preciso voltar a esse ponto e governar os homens tal como são e não como gostaríamos que fossem"
Ao escolher os anos de 1793 e 1794 para seu romance histórico, Anatole France cai em suspeição. Apresenta um Robespierre caricato, sedento por poder e enfiado em uma alucinação política à medida que nos aproximamos da fase mais radical do governo jacobino. Trata-se mesmo de uma caricatura, de uma narrativa que diz pouco sobre um dos mais conhecidos líderes da revolução francesa, que, nos anos de 1789 a 1791, período em que os franceses sacudiram o mundo e criaram um sistema institucional inédito, esteve à frente de importantes inovações legislativas, legislando inclusive contra a própria causa.

Muitos dos problemas da revolução foram provocados pelo ineditismo do seu processo político. Homens e mulheres estavam fazendo a descoberta da política como instrumento de massa, não havia qualquer ensinamento prévio a respeito de como fazer, até porque na Revolução Inglesa, um século antes, o constrangimento à participação popular foi muito mais incisivo, apesar de não tê-la apagado tanto quanto a própria história que se conta a respeito dela. Assim, demorou algum tempo antes que os líderes franceses fossem desenvolvendo formas mais rotineiras de ação política. Era tudo muito novo e não é fácil analisar as atitudes dos revolucionários dessa época sem a compreensão do sentimento de injustiça que inflamava os franceses contra a absurda concentração de riqueza e poder nas mãos da nobreza e do clero, além do cerco promovido por outras monarquias.

Dito isso, este romance de Anatole France, apesar de seus claros defeitos ao contar de forma parcial a história dos franceses entre os anos de 1793 e 1794, sem a devida contextualização, empobrecendo e brutalizando indivíduos inerentemente complexos, retrata bem o ambiente de tensão e de paixão envolvendo a massa dos parisienses em torno das mudanças políticas que o regime punha em ação. Quem encarna esses sentimentos é o jacobino Évariste Gamelin, protagonista do livro. Pintor medíocre e ativista político apaixonado, ele se envolve com a revolução participando da sua seção (os parisienses se organizavam politicamente em diversas seções da cidade) e em seguida sendo nomeado para o famoso Tribunal Revolucionário, cuja reinstalação foi proposta por Danton.

Fazendo um contraponto à energia e ao militantismo de Gamelin, Anatole France elege um leitor de Lucrécio, Brotteaux, e um padre, Longuemare, para serem uma espécie de "voz da razão", de onde emanam diversas críticas às paixões e ódios e a todo idealismo político. A dupla ainda contará com um reforço da jovem Athenais, cujas atitudes mais impulsivas reforçam a crítica implícita de Anatole France ao jacobinismo. Essa tentativa de dividir o livro entre bons e maus, que é o que acaba acontecendo ao longo da narrativa, é o ponto fraco da obra. Apesar de uma tímida tentativa de contextualizar momentos centrais das decisões tomadas pelo legislativo francês, a obra não consegue escapar a essa rasa dicotomia.

Os Deuses Têm Sede é um livro mediano, com duas ou três cenas realmente impactantes, como a da conversa sobre a vida e a religião entre Brotteaux e o padre Longuemare, na véspera de seus julgamentos pelo Tribunal Revolucionário. Para compreensão do processo histórico e político magnífico empreendido pelos franceses, contudo, Anatole France ficou muito, muito distante das contradições e da imensidão desse período que foi um dos mais intensos e fascinantes da história humana.
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Leila.Cavalcante 08/03/2021

Achei bem legal o livro, fiquei surpresa porque esperava uma coisa totalmente diferente, pelo título pensei que fosse haver algo de fantasia, mas felizmente não tinha. O romance tem como cenário a França pós revolução, então é um ambiente bem pesado, porque né, o pessoal mandava gente pra guilhotina por qualquer coisa. Achei interessante como foi colocado no romance os exageros e as contradições da Revolução, em particular a ascensão e a queda de Robespierre, o Incorruptível. O personagem principal, Évariste Gamelin, é bem interessante, ele começa como alguém
aparentemente justo que acredita e defende a nação e tal, mas quando se torna jurado nos tribunais ele termina seguindo por um caminho um tanto quanto deturpado dos ideias de liberdade, igualdade e fraternidade.
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Mario Miranda 26/08/2019

"A ignorância é a condição necessária à felicidade dos homens,... . A ignorância faz a nossa tranquilidade; a mentira, nossa felicidade."

Os Deuses têm sede é um dos grandes relatos historiográficos dentro da Literatura. Anatole France nos traz uma nova ótica da Revolução Francesa, não aquela que se propunha a oferecer "Liberdade, Igualdade e Fraternidade" a todos os cidadãos, aquela que queria acabar com os exageros praticados pela Aristocracia; Os Deuses têm sede nos oferece a visão da miséria durante o período revolucionário, da carestia de alimentos e, principalmente, dos abusos perpetrados por aqueles que ascenderam ao poder.

Em Os Deuses têm Sede o personagem principal, o pintor Évariste Gamelin, oriundo da pobreza e da miséria que se vê alçado a jurado nos tribunais durante o Terror, é um exemplo clássico onde valores e ideias nem sempre desaguam em justiça. Gamelin torna-se um fanático do Terror, capaz de enviar dezenas de cidadãos a guilhotina diariamente, inclusive aqueles que lhe são mais caros e próximos, tudo em nome de uma Igualdade jamais alcançada.

Anatole France foi um dos grandes nomes da Literatura Francesa, não apenas pelos seus ótimos textos, alguns dos quais já traduzidos (além deste, podemos citar O Crime de Sylvestre Bonnard), mas por todos os grandes atos que realizou em sua vida, como crítico ao Caso Dreyfus, o apoio dado a Émile Zola quando da publicação da clássica crítica "Eu Acuso".

site: https://www.instagram.com/marioacmiranda/?hl=pt-br
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Pateta 24/10/2017

REVOLUÇÃO FRANCESA EM CENA
Apesar do romance ter lá seus personagens, a grande protagonista da história é a Revolução Francesa, num período em que os belos ideais já estavam dando lugar ao terror puro e simples. Um relato arrepiante de como os homens podem ficar cegos pela ideologia. Guardadas as devidas proporções, encontramos nesse livro algumas semelhanças com a caça à bruxas atualmente em marcha no Brasil.
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Matheus Nunes 16/10/2016

"Évariste Gamelin, artista frio e erudito..."
Évariste Gamelin no começo do livro aparenta ser um exemplo de cidadão, o bom, o honesto, o bom filho e atencioso para com os que necessitam, um artista em ascensão e por vezes, até mal compreendido, engajado para com a causa, mas, basta que lhe deem o poder que nem sempre almejou que ele se transforma no oposto de todo o ideal inicial. Maquiavel diz: "Aos amigos os favores, aos inimigos a lei." mas Évariste desconhece completamente o significado da palavra amizade, e até mesmo o amor. O poder lhe tira todo e qualquer reflexo de bondade e esperança. perdendo assim sua própria salvação, e não vê a gloria de sua pátria, longe disso, vê a sua própria destruição.

Anatole France escreveu de uma forma direta e sensata as consequências e os traumas exaustivos de uma França pós Revolução, uma cidade entregue a uma intolerância contra qualquer forma de pensamento que parecesse anti-revolucionário. Os Deuses tinham sede, muita sede, e ambos lados lhe deram de beber, uns pela liberdade, outros pelo senso de Justiça e força de igualdade. São 256 paginas que escorem sangue, sangue esse que tem muito a dizer.
Cesar270 23/10/2016minha estante
Fantástico!


Matheus Nunes 24/10/2016minha estante
Obrigado! :)


cid 09/05/2018minha estante
Evariste Gamelin é um dos meus personagens favoritos, com toda a sua contradição e enganos.Ótima resenha.




cid 01/12/2014

Uma solução final para todos os problemas
Após a leitura , pensei bastante sobre o livro. Repensei o que li sobre a revolução francesa, e me ficaram três fatos :
- A declaração dos direitos do homem. Foi a primeira vez que se disse que as pessoas nascem iguais numa época em que o nascimento dava privilégios ou deveres.
- A revolução foi como um terremoto, na sua energia revolucionária, assim não adianta ser contra ou a favor. Qual é a finalidade de se fazer um discurso contra um terremoto?
- Os revolucionários tão desacreditados hoje em dia , aboliram a escravidão nas colônias. Os “clementes” prontamente a restabeleceram. Ponto para os revolucionários.
E o “Livro de Daniel “ de E L Doctorow, onde são analisadas formas de execução através de países e tempo, cita a revolução francesa como o único período onde a punição não dependeu da classe de nascimento do punido. Os pobres não foram humilhados antes da morte, como era costume na época.
Dito isso, absolvo Evariste Gamelin, pelo seu “fervor virtuoso”, pela sua absoluta falta de empatia pelos réus que compareceram ao seu tribunal e que acabaram executados. Mas, houve um caso em que Evariste falhou terrivelmente condenando por acreditar o réu culpado por motivos outros que não estavam em julgamento.
Vamos dizer que o terremoto foi mais forte que ele, que o soterrou, que ele lutou mas acabou destruindo quando queria reconstruir. O titulo do livro “Os deuses tem sede”, seria a justificativa do imperador asteca Montezuma , quando questionado sobre os sacrifícios humanos.
Recomendo a leitura, que é muito agradável. Embora eu esperasse um pouco mais de drama de tribunal.
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Daniel Rolim 10/10/2014

Livro muito interessante. Relata os anos mais sangrentos da Revolução Francesa, tendo como ideia principal a prisão do indivíduo aos valores e princípios de sua época, estando condicionada sua forma de pensar ao meio em que vive, sem que se dê conta disso.
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Gabriella169 23/05/2013

Livro muito bem escrito e envolvente, porém fiquei um pouco decepcionada com a falta de detalhamento dos processos no tribunal (como há no filme Danton de 1982).

Os personagens mais envolventes para mim foram o epicurista Brotteaux (que me lembrou o Italiano de A montanha mágica)e o padre Longuemare, que personificam a voz da razão em um momento de terror.

O personagem principal, talvez propositadamente, me pareceu plano, assim como Élodie. Recomendo o livro por seu alto valor literário, porém achei que o autor não caracterizou Évariste como uma pessoa completa - o que poderia ter sido muito bem destrinchado e aproveitado durante a narração de sua degradação como jurado e ser humano.
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