Larissa3225 26/12/2022Início de um sonho......Deu tudo errado.
Mais ou menos uns três anos atrás, eu li O Sorriso da Hiena e ele logo virou um favorito. Por esse motivo, fiquei muito curiosa para ler Quando a luz apaga, do mesmo autor, e uma espécie de prequel. Mas, infelizmente, esse livro não teve o mesmo impacto que o anterior.
A premissa dele é muito boa: o detetive Artur está de férias e entediado, sentindo falta de sua rotina de trabalho. Então decide usar seu tempo livre para investigar o desaparecimento de moradores de rua, fato ignorado pela polícia. Além de Artur, acompanhamos também uma série de outros personagens, como moradores de rua, pessoas envolvidas com teatro, outros policiais e, claro, o assassino.
Por conta da grande quantidade de personagens, tive certa dificuldade no início da leitura. Embora fossem interessantes de ler, a princípio não era claro como todas as narrativas se encaixariam umas nas outras. Contudo, ao longo do livro, os pontos vão se conectando e, ao final, percebe-se que tudo foi amarrado.
A escrita do autor é envolvente e o livro flui muito bem até a metade, quando ocorre a revelação de quem é o assassino. E então começa o problema do livro: a personalidade e a motivação do assassino. Além disso, um evento que ocorre lá pelos 70% do livro joga a estória por água abaixo.
Os livros desse autor são menos sobre a investigação em si, e mais sobre os assassinos e os seus motivos. Mas, para isso funcionar, precisa ser interessante. E aqui não é. Os motivos são bobos e infantis. E a justificativa para o ataque aos moradores de rua é aleatória. Não era necessário. O tal plano final do assassino é tão... Bobo. (Um possível spoiler: o assassino me parece apenas um mimadinho).
Outro ponto que parece ser uma constante nos livros do autor é o aspecto filosófico/reflexivo. E foi justamente isso que me fez gostar tanto do outro livro. Mas aqui, esse aspecto é sem pé nem cabeça. Eu até entendi, mas como isso está aliado aos motivos ridículos do assassino, ficou difícil comprar essa reflexão.
Foi um final tão decepcionante, que é fácil deixar de lado os acertos do livro: a investigação é interessante, acompanhar os personagens paralelos também, o livro tem boas reflexões sobre a situação dos moradores de rua. E a parte mais interessante do livro, pelo menos para mim, foi a parte do teatro. As peças são incríveis e trazem reflexões e sensação de desconforto, o que lembra o primeiro livro. O Matias foi um personagem que me deixou super intrigada, mas que, infelizmente, foi pouco aproveitado.
O título da resenha já diz tudo: tinha altas expectativas que não foram alcançadas. Continuo interessada pela escrita do autor e pela série com as investigações do Artur. Mas, numa próxima vez, irei com menos sede ao pote.
(Um último comentário, que pode ser um spoiler. O crítico faz toda aquela reflexão sobre como não pensamos por nós mesmos e queremos coisas que os outros dizem que queremos etc. SENDO QUE: ele diz isso depois do assassino dizer isso. Não sei se a hipocrisia foi intencional ou não. Mas achei tão.... Ruim).