Mel ð¯ 31/05/2022
Uma imersão autística
Com uma linguagem simples e dinâmica, a história começa acompanhando as investigações de Christopher sobre o assassinato do cachorro da sua vizinha. Mas, esse mistério, longe de ser o foco do livro, logo se transforma em uma descrição da difícil relação do garoto com as pessoas e o ambiente a sua volta.
Com uma narrativa em primeira pessoa, o livro nos insere dentro dos pensamentos de Christopher, nos levando a perceber o mundo como ele o percebe: repleto estímulos massivos e assustadores, relações sociais complexas e inteligíveis e... matemática, a única coisa lógica e segura em um mundo dolorosamente confuso.
De forma muito sutil, esse livro aborda as nuances do comportamento humano e as dificuldades nas relações familiares diante do não normativo.
O interessante é que o livro fala sobre transtorno do espectro autista (TEA), sem, no entanto, nomear explicitamente o TEA, se preocupando mais em descrever o comportamento, os sentimentos, as dificuldades e reações típicas de quem está no espectro, mostrando o quão distintas são suas perceções do mundo e possibilitando, assim, uma melhor compreensão do transtorno, nos fazendo sentir uma profunda empatia.