Este Lado do Paraíso

Este Lado do Paraíso F. Scott Fitzgerald




Resenhas - Este Lado do Paraíso


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Fabio Shiva 11/05/2024

ENTRE A ERA DO JAZZ E A ERA DO TIKTOK: QUE LADO DO PARAÍSO VOCÊ PREFERE?
Depois de assistir à ótima série “Z - o começo de tudo” (https://youtu.be/-yNBZAN-gaI), que apresenta os anos iniciais do conturbado relacionamento entre Zelda e Scott Fitzgerald, decidi finalmente pegar para ler esse livro que ficou tanto tempo pacientemente esperando sua vez em minha estante. Trata-se do aclamado romance de estreia de F. Scott Fitzgerald, de quem eu já havia lido sua possivelmente obra-prima, “O Grande Gatsby”.

Dessa vez, tive a oportunidade de ler no original em inglês (“This Side of Paradise”), o que me permitiu apreciar melhor o estilo elegante e cheio de tiradas espertas de Fitzgerald (seguem em tradução livre minha):

“Para pessoas como nós, o lar é onde não estamos.”

“Pessoas egoístas são de certo modo terrivelmente capazes de grandes amores.”

“Eu não sou sentimental - sou tão romântico quanto você. A ideia, você sabe, é que a pessoa sentimental pensa que as coisas irão durar - a pessoa romântica tem desesperada confiança de que não irão.”

“Eu não quero repetir minha inocência. Eu quero o prazer de perdê-la novamente.”

“Apesar de cérebros e habilidades dos homens poderem ser diferentes, seus estômagos são essencialmente os mesmos.”

Esse esforço deliberado e constante de elaborar frases de efeito, aliás, é uma característica em comum tanto do autor quanto do protagonista de sua história, o jovem e talentoso Amory Blaine. Esse foi o ponto mais marcante da leitura para mim, suscitando algumas boas reflexões. Como escritor, já busquei muito esse tipo de prosa recheada de pérolas de sagacidade. Atualmente, contudo, sinto que esse tipo de literatura tinha mais validade e relevância há cem anos atrás que atualmente. Quando vejo um autor contemporâneo tentando cunhar frases “espertas”, o resultado me parece artificial e forçado. Em minha própria escrita, tenho buscado dizer as coisas do modo mais direto possível, recorrendo aqui e ali à Poesia (no lugar da “esperteza”). Mas isso, obviamente, reflete apenas a minha busca pessoal.

“Este Lado do Paraíso” é bem mais que um punhado de frases de efeito, tanto que se tornou um dos principais romances a retratar a chamada “Era do Jazz”, termo cunhado pelo próprio Fitzgerald. Dentre as características mais interessantes dessa época estão a liberdade sexual e a relativa autonomia das mulheres, que me parecem bem mais pronunciadas que no período imediatamente após a Segunda Guerra Mundial, trinta anos depois da publicação desse livro. Uma boa síntese disso aparece nesse diálogo entre Gillespie e sua amada Rosalind (personagem que foi bastante inspirada em Zelda Fitzgerald):

“GILLESPIE: Eu te amo.
ROSALIND [friamente]: Eu sei.
GILLESPIE: E você não me beija há duas semanas. Eu pensava que depois que uma garota fosse beijada ela havia sido - sido - conquistada.
ROSALIND: Esses dias se foram. Eu tenho que ser conquistada novamente a cada vez que você me vê.
GILLESPIE: Está falando sério?
ROSALIND: Como sempre. Costumava haver dois tipos de beijo. Primeiro, quando as garotas eram beijadas e abandonadas; segundo, quando noivavam. Agora há um terceiro tipo, em que o homem é beijado e abandonado. (...) Se tiver um começo razoável, qualquer garota pode vencer um homem hoje em dia.”

Penso que muito da força que o nazismo e o fascismo tiveram no mundo a partir da década de 1930 se deve a uma reação conservadora que tentava sufocar a liberdade sexual vivenciada durante a década de 1920. Ao observar a ascensão da extrema direita no mundo hoje em dia, é forçoso atribuir boa parte de sua motivação à misoginia, à homofobia e ao racismo. A história se repete como farsa, já dizia Karl Marx.

Outro trecho reforçou esse paralelismo entre a “Era do Jazz” de 100 anos atrás e a “Era do TikTok” que vivemos hoje:

“A vida moderna (...) não muda mais século a século, mas ano a ano, dez vezes mais rápido do que jamais foi antes.”

O socialismo, aliás, é um dos temas explorados em “Este Lado do Paraíso”, ainda que de forma estritamente teórica (lembremos que o livro foi publicado em 1920, apenas três anos após o início da Revolução Russa). O tratamento do tema pode bem ser considerado dialético, a partir das reflexões cáusticas do protagonista Amory a respeito dos pobres:

“Eu detesto pessoas pobres (...). Eu as odeio por serem pobres. A pobreza pode ter sido bela certa vez, mas agora é podre. É a coisa mais feia do mundo. É essencialmente mais limpo ser corrupto e rico que ser inocente e pobre.”

Essas afirmações são logo seguidas por uma espécie de código moral que norteia Amory:

“Ele não fez autoacusações: nunca mais ele iria se recriminar por sentimentos que eram naturais e sinceros.”

E logo depois vemos essa mesma causticidade se voltar contra a classe média, em um curioso senso de justiça:

“Eles não acham que pessoas sem educação [formal] devam receber altos salários, mas não veem que se não pagarem bem essas pessoas seus filhos também não terão acesso à educação.”

Não faltam contradições ao protagonista, como quando ele sente uma fúria assassina contra tudo que a sua época simboliza:

“Pela primeira vez em sua vida ele ansiou para que a morte passasse por cima de sua geração, obliterando suas paixões mesquinhas, suas lutas e exaltações.”

Essas contradições só tornam o personagem mais real e marcante em sua jornada em busca de si mesmo:

“Ele sentiu que estava deixando para trás sua chance de ser um certo tipo de artista. Parecia muito mais importante ser um certo tipo de homem.”

Falou e disse, Amory.

https://comunidaderesenhasliterarias.blogspot.com/2024/05/entre-era-do-jazz-e-era-do-tiktok-que.html


site: https://www.instagram.com/fabioshivaprosaepoesia/
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Luiz Souza 28/06/2024

Jovem Rico
O livro fala de uma geração jovem desiludida com a primeira guerra mundial, ele segue a vida de Amory um jovem obcecado por prestígio social e com pretensões literárias.
Ele vai para a faculdade de Princenton e vive em festas , namoros e clubes.
Amory é um jovem chato mas vai melhorando ao decorrer do romance , ele tinha medo de ficar pobre.

Achei a história um pouco cansativa , não teve muitos personagens que você quisesse torcer , tinha muita filosofia parecia mais um ensaio filosófico kkkk.

Ótima leitura.
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Juliana (Ju/Jubs) 17/04/2021

"[...] estou farto de tentar me adaptar ao esnobismo local deste canto do mundo. Quero ir para um lugar onde as pessoas não sejam barradas por causa da cor de suas gravatas ou do corte de seus paletós."

Esse livro me deixou numa corda bamba, ao mesmo tempo que é chato em muitos momentos, confuso em alguns outros e muito machista, apesar de fazer parte da época (1920). É um livro que reflete muito bem a juventude da época e de hoje em dia, a vontade de aproveitar ao máximo, de ser o melhor, mas ao mesmo tempo querer se divertir, a crítica a gerações anteriores, a melancolia ao pensar no futuro, o "amor eterno" que logo não é eterno, a vontade de mudar o mundo. Muita, mas muita coisa mesmo não mudou tanto assim. O que será que as próximas gerações vão críticar da nossa? (Fitzgerald escreveu esse livro com 24 anos, eu tenho 22).
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Felipe 01/06/2012

O romance da desilusão chega ao Novo Mundo
O francês Flaubert e o dinamarquês Jacobsen tem algo em comum: ambos escreveram as maiores epopeias da desilusão. Esses panoramas
engendraram os testamentos de morte da visão romântica e idealizada do mundo. Falo aqui de A Educação Sentimental e Niels Lyhne, obras máximas do espírito combativo, poético e desmistificador. A realidade nunca mais será a mesma após a leitura desses mosaicos da esperança pessimista.

Este lado do paraíso é claramente um filho desses ideais antirromânticos. Fitzgerald não tinha o direito de escrever um livro tão bom apenas aos 24 anos de idade! Invejável e humilhante esse Bildungsroman ianque.

Dizem que a inveja que um autor suscita em seu leitor é um dos maiores elogios que este pode fazer daquele. A vontade de tê-lo escrito no lugar do autor é outra vertente desses elogios profundos e sinceros, muito mais eloquentes que palavras de admiração. Invejo e me sinto humilhado por Fiztgerald, pois ele escreveu o livro brilhante que todo escritor em começos de carreira gostaria de ter escrito.

A estrutura do livro é um show a parte. Temos uma organização rigorosa de capítulos cujos títulos buscam, de maneira sintética, resumir em apenas uma palavra o espírito que irá nos guiar nas próximas linhas. Que o leitor não se assuste se de repente a narrativa se tornar poema ou até mesmo teatro! Caso do capítulo A Debutante que foi escrito em estrutura teatral. Brilhante! Inovador sem se tornar patético! União de poesia, prosa absoluto, contexto político, crítica e eloquência.

Um livro que merece muita, muita atenção!
Daniel 15/11/2012minha estante
Preciso reler... Gosto tanto de "O Grande Gatsby" que quando li este fiquei meio decepcionado.


Fabiano 29/03/2018minha estante
Ótima resenha, amigo. Dá vontade de ler só pelo que você disse... o romance da desilusão no novo mundo, a frase já diz tudo!


Maria.Tereza 24/04/2020minha estante
Muito obrigada pela sua resenha. Eu adorei. Parabéns. Vou ficar seguindo suas dicas!




Lucas Rabêlo 14/01/2022

De personalidade ao personagem
Expoente da Geração Perdida, Fitzgerald, apesar dos louros do cânone literário que mantém, era criticado por extensores do mesmo movimento à época, como Hemingway, que dizia o colega se concentrar apenas nos macetes burgueses e classistas da sociedade. Não é novidade a alusiva bolha que Fitz retratou em todos os escritos, mas quem o lê sabe, o fazia imersivo, de conhecimento, sabia criticá-los ao passo que levantava uma taça para o brinde.

O termo estilístico do autor era responsável em exprimir a rotineira comportamental dos jovens de meados 1910-1930, em especial das consequências do pós Primeira Guerra. Os Estados Unidos mesmo de gaiatos, abarcou intensas resoluções à sua população, já nos estertores de se alçarem grande potência mundial (a Europa era um frágil inimigo em reconstrução). Sucedem a Lei Seca, Lei Mann e a Depressão de 30. Atreladas a elas, proibitivas quanto à indústria do álcool, à prostituição e economia, elementos moldáveis para os cidadãos norte-americanos, àqueles postos como futuro nacional, os acadêmicos, em demasia homens, das prestigiados universidades que incluíram o protagonista, Amory Blaine, alter ego de Fitzgerald, na sua lista de formandos.

Trajando a arte como manto de sua essência, transpôs nela sua existência. Tal qual Amory, o escritor veio de família bem nascida, de pai ausente e mãe herdeira - componentes cruciais de uma educação privilegiada, fez-se narcisista desde o crescimento até à adulteza, dava sua alma como belíssima, intelectual e rica, elenco para sua entrada ao púlpito das classes altas frequentadas. Dentro, a derrocada; ela vem mínima e certeira, quando se envolve com alunos de variados tipos e ideologias, percebe até ali uma formatura de personalidade, um punhado de personas, que o transfiguraram num amontoado de narrativas, afetações, trejeitos, decisões, pensamentos, nunca fieis ou fixos, era alguém em transição de ideais ou apenas, ninguém.

Necessária finda a Guerra para deixar Princeton, desfeita em sonhos e camadas, já não almejava os títulos das grandes ligas acadêmicas, ou a liderança estudantil para lhe premiarem com gracejos de popularidade, é a realidade batendo à porta de um sujeito agora órfão, desiludido amorosamente e economicamente; os poemas idealizados já não têm sentido; pleiteia às causas socialistas. Até o seu final, concretiza a natureza humana nua, num Amory estabelecido agora como um personagem, alguém de feições completas.

Ecos de um passado juvenil ambicionado e desmascarado, como é a função da literatura, é uma estreia corajosa de Fitzgerald. Em suma, nunca será seu auge, atingido anos depois com "Gatsby", mas que para alcançá-lo, necessitou moldar Amory, o pontinho de uma casta vista, sentida, inserida e descartada para demonstrar seu cinismo na América destilada no alcoolismo e em pérolas para disfarce de sua hipocrisia atemporal.

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Vanessa1139 23/11/2023

Que sabor amargo sentimos ao pensar nessa geração perdida, indecisa entre seguir seus pais criados ainda no século XIX ou simplesmente acompanhar as mudanças do mundo, deixar que o mundo os guie para o futuro.
Que vida tão sentida e tão romântica do nosso herói, não tão herói assim, mas ainda assim é sua história e como não sentir toda a desesperança e apatia de uma vida sem propósito e onde conseguir propósito? Não em sua casa ou na faculdade, talvez seu grande amigo clérigo que por várias vezes vislumbrou seu querido quase filho seguindo a vida religiosa pudesse lhe dar algum propósito, ainda assim a história termina ainda na metade do caminho.
Fugindo completamente do clichê romântico, o protagonista da história ainda busca seu caminho e já desistiu dos amores, tantas mulheres passaram por sua vida, mas nenhuma o quis o suficiente para ficar, eram só passageiras, seu caminho não as integrariam.
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Daniel Rolim 10/10/2014

Primeiro livro de Fitzgerald, relata a trajetória de Amory Blaine, de sua infância dourada e cheia de mimos até a chegada da vida adulta e das responsabilidades advindas da maturidade. Através da vida de Amory, enxergamos a própria história americana, da sua multiplicidade de sonhos e ideais, dessa juventude com pouca responsabilidade mas cheia de energia, anteriores à Primeira Guerra Mundial, até a perda dessa euforia, desse paraíso, com a chegada do conservadorismo e da depressão do pós-guerra.
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umafacasolamina 29/08/2020

"sentiu que estava desfrutando a vida como talvez não viesse a fazer de novo".
meu deus. eu não sei o que eu estava esperando mas com certeza não era isso. primeiro de tudo que escrita perfeita. a história também me prendeu muito, mesmo sendo apenas um apanhado de memórias quase aleatórias do protagonista. gostei muito do amory e do tom(que quase não apareceu, mas que foi importante no meu capítulo preferido, 'inquietude'). fitzgerald eu já te amava por causa de o grande gatsby mas agora te amo mais ainda.
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jota 30/04/2012

Românticos de Princeton
Além da tradução do competente Brenno Silveira esta edição traz o prefácio - O Último Romântico, do jornalista e escritor Daniel Piza, falecido recentemente (uma grande perda para o jornalismo cultural brasileiro). Publicado em 1920 foi o romance de estreia de Fitzgerald e alcançou imediato sucesso de crítica e público. Para os estudiosos da obra do escritor, um livro tão importante quanto sua obra-prima, O Grande Gatsby.

Lançado quando ele tinha apenas 24 anos, isso não o impediu de fazer agudas observações sobre o comportamento da alta sociedade americana dos anos 1910-20 e também sobre a vida universitária da juventude dourada desse tempo.

O jovem Amory Blaine, o protagonista, tem muito do autor, até mesmo fisicamente. E conforme escreveu Daniel Piza, no prefácio, "a geração de Fitzgerald marcou a ascensão moderna da figura do jovem inconformista, inquieto, que quer escapar dos preconceitos dos mais velhos e não sabe muito bem o que pôr no lugar."

Então bebem muito, praticam pequenos furtos, amam (e esquecem) facilmente as mulheres, são inconsequentes, etc. Mas por trás deles está Fitzgerald, então ele não abre mão de espalhar aqui e ali suas pinceladas de ironia e humor ácido.

Quando teve início a I Guerra Mundial (1914-1918), os EUA eram uma jovem nação e suas universidades ainda não conheciam a fama que depois conquistariam no mundo todo, juntamente com as inglesas, matrizes das americanas - Harvard, Yale, Columbia, Princeton, etc.

É em Princeton que o protagonista Amory Blaine estuda (assim como seu criador, Fitzgerald, estudou). Ao lado dos estudos em economia, matemática, filosofia, das leitura dos clássicos, do grego, latim, francês e esportes, etc., os jovens também apreciavam bailes, namoros pouco sérios, bebedeiras, brincadeiras, tinham suas sociedades de estudantes, etc. E também seus preconceitos, especialmente contra pobres, negros e judeus.

Religioso que era (católico, por influência da mãe, Beatrice; se ela lembrar a Beatriz de A Divina Comédia, de Dante isso não será mera coincidência), amigo íntimo do influente monsenhor Darcy, aos poucos vai substituindo a espiritualidade pela política, tornando-se um homem idealista, utópico mesmo – abraça o socialismo. Amory diz a certo momento: “É a única panaceia que conheço.”

O personagem com quem ele conversa está impregnado do conceito da grande América capitalista (a crise de 1929 ainda não tinha acontecido, claro) e lhe diz, na despedida: “Boa sorte para o senhor e má sorte para suas ideias.” Gostei da frase, por isso resolvi colocá-la aqui; pode ser útil um dia, dita numa situação diferente.

Mais algumas páginas e o livro termina meio que melancolicamente, deixando no leitor (pelo menos em mim) um sentimento de desilusão de tudo.

Lido entre 18 e 30.04.2012.
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Mari 11/04/2013

Diário Literário - Este lado do Paraíso
Amory Blaine. Esta é nossa personagem.
Ele é um CHATO de marca maior.
Acho que em leitura alguma, uma personagem principal me irritou tanto como Amory Blaine!
Esta é a história de Amory, contada por Amory, um garoto completamente egoísta e soberbo, que acredita estar em um nível social e intelectual acima das pessoas normais.
O livro começa um tanto monótono e pedindo pelo abandono. Mas como o livro era para o Charlie's Book list, persisti. Não me arrependi!
Amory, conforme se desenvolve durante a história, continua sendo um tremendo pé no saco, mas apenas um ser humano, e acabou me conquistando em simples detalhes, como a maneira como sentiu-se arrebatado ao ver o mar. Ou com o prazer de cantar na chuva!
O que me ganhou no Amory, é que embora fosse uma pessoa egoísta, egocêntrica, soberba e arrogante, ele não tentava camuflar isso enquanto narrava sua história! Não! Ele exibia! Esfregava na cara do leitor! Sem qualquer camuflagem ou atenuante! E, sendo este, um livro quase auto-biográfico, fez-me admirar Fitzgerald também, por ser capaz de se descrever assim, exacerbando seus defeitos e atenuando suas qualidades, colocando nos defeitos seus traços mais marcantes.
Durante sua história Amory descreve seus romances suas amizades, vitórias e fracassos, mais fracassos do que vitórias. Seus reais sofrimentos e agonias e, embora ele seja um chato do começo ao fim, ainda não descobri ao certo, por que comecei a gostar dele.
Acho que ele nos desperta simpatia por sua desgraça e seu fracasso. Por seus sofrimentos, muito embora em grande parte ele mesmo as tenha causado.

http://devaneiosnofirmamento.blogspot.com.br/2013/04/diario-literario-este-lado-do-paraiso.html
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Zeka.Sixx 11/11/2020

Uma estreia para a História
O livro de estreia de Fitzgerald foi aquele que o transformou em celebridade. Lançado há exatos cem anos, "Este Lado do Paraíso" foi recebido com entusiasmo pela crítica e um sucesso absoluto de vendas, vendendo 3 mil exemplares em 3 dias. Reza a lenda que Scott, já em sua fase decadente, certa vez teria dito que "deveria ter morrido logo após a publicação de Este Lado do Paraíso" (vale lembrar que "O Grande Gatsby", hoje tido como a obra-prima de Fitzgerald, teve uma recepção morna à época de seu lançamento, somente vindo a ser reconhecido como o grande livro que é muitos anos depois).

O romance, dividido em duas partes, conta a história de Amory Blaine, um jovem bonito e inteligente, mas também narcisista e egocêntrico. A primeira parte conta a trajetória de Amory até os seus anos na prestigiada universidade de Princeton, onde ele se desilude. A segunda parte narra os passos de Amory - em especial, suas decepções amorosas - após sua saída da universidade e após ter servido como soldado na I Guerra Mundial.

Como outras obras de Fitzgerald, o grande barato do livro é o quanto ele é surpreendentemente atemporal. Mesmo tendo sido lançado há cem anos, existem diversas passagens com as quais o leitor pode se identificar. Para mim, que, logo no primeiro ano da faculdade de Direito, me desiludi completamente e passei os quatro anos subsequentes jogando sinuca e empurrando com a barriga, rolou muita identificação.

É um livro sobre ser jovem, sobre se sentir pertencendo a uma geração que ainda não encontrou o seu papel, que apenas sabe que não quer o que está estabelecido, embora não saiba, de fato, o que efetivamente quer. Fantástico.

"Como num sonho infindável, aquilo continuava, o espírito do passado meditando sobre uma nova geração, a juventude eleita de um mundo perturbado e impuro, ainda romanticamente alimentando-se dos erros e dos sonhos já quase esquecidos de estadistas e poetas mortos. Ali estava uma nova geração gritando os velhos brados, aprendendo as velhas crenças através dos devaneios de longos dias e noites - uma geração destinada, finalmente, a meter-se naquele sujo e cinzento torvelinho, impelida por amor e por orgulho; uma nova geração dedicada, mais do que a anterior, ao medo da pobreza e ao culto do êxito; uma geração criada para encontrar todos os deuses mortos, todas as guerras terminadas, toda a fé no homem abalada..."
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26/09/2012

Um grande autor!!
Sem dúvidas F. Scott Fitzgerald é um grande autor.

Esse livro vai nos conquistando aos poucos, de acordo com o desenrolar dos fatos, do amadurecimento do seu personagem.

E o fato de ter um quê de auto-biografia, torna tudo ainda mais interessante.

Confesso q qdo comecei a ler fiquei um pouco decepcionada. Esperava bem mais. Mas conforme Amory vai crescendo, amadurecendo, se conhecendo...a história vai ganhando mais sabor.

E o fato de Fitzgerald usar tão bem a estrutura do livro pra contar sua história. Uma única palavra usada no subtítulo, resumindo com perfeição todo aquele fragmento da drama. Os poemas...e mesmo o "modo teatral" q ele descreve como foi seu relacionamento tão decisivo com Rosalind... As frases de impacto...q te fazem refletir, q te fazem compreender aquilo q até então estava tão bem escondido nas entrelinhas...

É um livro intenso. Muito bem elaborado, estruturado. Todos os componentes fundamentais pra fazer com q o leitor entre no clímax do que está sendo relatado.

Imperdível!
Fogui 10/11/2012minha estante
Apesar de já ter lido, não me lembro com nitidez sobre a estria deste livro, mas tenho certeza que é bom, caso contrario, não teria o livro na minha estante até hoje...




Gabi 18/10/2021

Fitzgerald, como é bom?
?Não saberia dizer por que valeria a pena lutar, qual o motivo que o decidia a recorrer ao que havia de mais profundo em seu ser e a tudo que havia herdado das personalidades que atravessaram seu caminho?. Estendeu os braços para o céu cristalino e radiante. ?Eu me conheço?, gritou, ?Mas isso é tudo?.?

Confesso que minhas leituras recentemente não têm apetecido meu coração, muito menos me enclausurado na história narrada, então fiquei muito feliz percebendo que, lendo este livro, me senti conectada com a narrativa.

Alguns autores, simplesmente, funcionam ou não funcionam para os leitores. A exemplo, admiro Walter Hugo Mãe e reconheço sua genialidade, entretanto, não consigo gostar das histórias. Fitzgerald, em contrapartida, possui uma narrativa tão fluida e tão envolvente que, sinceramente, mal posso esperar para pegar mais um livro seu para ler.

Acompanhamos Amory, conjuntamente com seu amadurecimento e descobertas pessoais/emocionais. Achei interessante que, tal qual como Hans Castorp, de ?A Montanha Mágica?, Amory é puro e simplesmente medíocre, como todos nós; tornando-se esse, portanto, o principal motivo pelo qual nos identificamos tanto. Abarrotado de crises existenciais e um complexo de superioridade, a história de sua vida é permeada por altos e baixos- dentro do que sua realidade aristocrata permitia, obviamente.
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Sas 12/12/2013

Esse livro redefiniu novos conceitos que, mesmo que não sejam permanentes, são agora infinitos. Leitura, personalidade e personagem, luta. Não sei como passar em uma resenha a experiência e o sentimento que esse livro me passou. Acho que foi o mais demorado e trabalhoso mas me arrisco também a dizer que foi o melhor e mais gratificante em todos os aspectos que fazem uma leitura valer a pena pra mim.
Passando para os personagens (e suas personalidades), é impossível não se fascinar com o menor deles.
Vai ficar no lugar de Favorito Número Um por um bom tempo.
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@freitas.fff 07/09/2016

Scott conhece a si mesmo, mas isso não é tudo...
O livro é apresentado em três tons, que me surpreenderam enquanto lia. Ao inicio tudo parece um enfadonho registro biográfico, que por incrível que pareça, prende o leitor sob a riqueza de detalhes. A vida de Amory Blaine começa a ser narrada de modo comum, ao meio do livro vemos uma narrativa teatral, estruturada e falas das personagens, quando tudo segue em tom "Shakespeariano" e o autor deixa claro isso. Ao final tem-se não só um amadurecimento da escrita, - agora ditada em linguagem poética e filosófica - como também o profundo auto conhecimento do personagem, que em seus fluxos de consciência revela particularidades nossas. Você sentirá profunda intimidade com Amory, e ao mesmo tempo que o detestará, aprenderá com a sua evolução, que existem nele aspectos comuns a todos nós. Romance feito com maestria, e sendo de estreia, se põe muito adiante dos escritores de hoje. Ideias e constatações da época são validas ainda hoje, como se Scott previsse acertadamente o futuro das gerações posteriores. 'Este lado do Paraíso' não é só um retrato extremamente fiel da vida universitária da época, mas também da sociedade e naturezas humanas em geral.

E edição portátil da Cosac Naify surpreende pela qualidade, ainda que com capa flexível e que deve ser manuseada com cuidado, o multi relevo numa única impressão de capa, as paginas amarelas e as linhas de amarração das páginas em laranja, dão uma qualidade especial à esta edição em detrimento das outras editoras. Como sempre, um primor! Que me levou a comprar mais dois títulos da coleção portátil.

site: deicha.net.br
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