Rafael.Montoito 17/04/2023
Antecipando o feminismo
"A casa de bonecas" é a mais marcante peça do dramaturgo norueguês Henrik Ibsen; foi encenada pela primeira vez em 1879.
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O texto apresenta uma família burguesa, aparentemente feliz, formada pelo gerente de banco Torvald Helmer, por sua esposa Nora Helmer e pelos seus pequenos filhos. Torvald trata sua esposa com exacerbado carinho e palavras dóceis - ela é sua passarinha, seu amorzinho, sua bonequinha - sem perceber que, assim, faz dela seu bibelô, despindo-a de sua personalidade, papel que ela aceita sem titubear, dadas as convenções da época.
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Entretanto, Nora guarda um terrível segredo - uma escolha que, ainda que tenha sido feita por amor, beira a imoralidade e pode fazer desabar o sossego da sua família. Lidar com essa escolha é lidar consigo mesma, é procurar sua independência e sua essência - é deixar de ser uma boneca numa casa de brinquedo.
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Ainda que corra o risco de fazer uma leitura anacrônica, já que desconheço as efetivas intenções de Ibsen com esta peça, é possível perceber traços feministas neste texto, que promovem a mulher e questionam seu papel na sociedade - os desdobramentos parecem, às luzes atuais, antiquados, ao contrário da temática, sempre tão atual