Samantha @degraudeletras 07/09/20241984, de George OrwellVídeo no Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=HN-jiC1KLq4
1984 é uma distopia escrita por George Orwell em 1949, logo após a 2° guerra mundial. Conhecido por flertar com movimentos socialistas, comunistas e até anarquistas, o autor tinha o grande diferencial de não ser um crítico de viseira, ou seja, conseguia enxergar muito bem o que tinha de nada legal nesses movimentos.
Esse livro é, abertamente, uma crítica ao governo de Stalin, que fica muito claro na figura do grande irmão e nas rotinas do Partido de vaporizar pessoas até mesmo em fotos históricas para manipular o passado e o presente.
Para além desse pano de fundo histórico já tão conhecido, ler 1984 foi uma experiência única. A princípio pela sensação de familiaridade por já conhecer diversos detalhes da história e logo depois pelo misto de sensações, tanto de me pegar prendendo a respiração ao acompanhar Winston escrevendo em seu diário como também por ficar em frangalhos ao vê-lo ser torturado por O’Brien.
Estruturalmente dividido em 3 partes, acompanhamos na primeira a vida de Winston que tenta ao máximo viver uma vida ‘normal’ sem que ninguém perceba que ele faz críticas ao Partido em seu diário em sua mente, a segunda parte tem o desenrolar do romance do protagonista com Julia e também todo o contexto geopolítico e social dessa sociedade, bem como o objetivo central do Partido e da figura do Grande Irmão, na última parte acompanhamos Winston nas mãos de O’Brien de seu processo de transformação forçada no 2+2=5.
Ao longo dessa leitura, tive várias reflexões sobre muitos assuntos, como a questão dos jogos de loteria (fiz até um vídeo curtinho no Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=nTEmm5bUxgg&t=2s) e também sobre a vida dos proletas, que era tão bem manipulada que dava a sensação de liberdade, e, pasmem, pouco se diferencia da vida de qualquer pessoa comum:
“Trabalho físico pesado, cuidados com a casa e s filhos, disputas menores com os vizinhos, filmes, futebol, cerveja e, antes de mais nada, jogos de azar, preenchiam o horizonte de suas mentes. Não era difícil mantê-los sob controle.” P. 115
Um outro ponto, é quando ele descreve a máquina que cria as canções e romances, já que o homem não deve mais pensar nem criar essas coisas, agora eles deixam as máquinas realizem esse trabalho… Sim, isso soa bem familiar, não?! Chat GPT roubando todo o processo criativo dos seres humanos, rs.
Nesse cenário que muito se aproxima do que vivemos hoje, Orwell constrói personagens alegóricos para diferentes níveis de percepção e interação com o sistema, como o crítico embasado em fatos históricos na figura de Winston, a revolucionária que só pelo fato de estar quebrando regras já a satisfaz em Julia, o que acredita que é útil ao Partido em Syme, a família alienada de amores ao Partido nos Parsons, os que se sentem livres e não se importam com o que está rolando nos Proletas, o carrasco que faz as engrenagens girar em O’Brien.
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