Josi 24/06/2024
Essa é uma história que dispensa apresentações.
"Ah, o amor, tão gentil quando se vê,
tão tirano e duro quando se sente!"
Apesar de já conhecer essa célebre história de amor, ainda não tinha lido a peça e alguns pontos me chamaram a atenção.
Uma das mais conhecidas obras de Shakespeare, essa tragédia representa muito bem o amor juvenil, com sua urgência, imaturidade e, por vezes, inconstância. Isso porque, no início da trama, nosso herói, Romeu, estava desesperadamente apaixonado por outra mulher, Rosalina, por quem sofria e jurava amor.
Acreditando que a visão de mulheres ainda mais belas o faria esquecer esse amor, os amigos o levam clandestinamente a uma festa na casa da família rival, e é batata: o jovem, que tão fácil se apaixona, logo se vê enfeitiçado pela beleza de Julieta. O resto já sabemos.
Além da volatilidade do protagonista ? que nem de longe possuía, pelo menos até aquele momento, a firmeza de sentimentos que alegava, se apaixonando por Julieta só pela beleza e em seguida já fazendo juras de amor eterno, antes mesmo de trocar meia dúzia de palavras com ela ?, algo que me intrigou foi o fato de toda a trama se passar em menos de uma semana.
Assim, o resultado trágico, a meu ver, se deu mais pela sucessão de mal-entendidos em que os personagens se envolvem e à interferência do padre, que em vez de colocar juízo na cabeça do casal, os incentiva e participa ativamente das decisões equivocadas, do que propriamente pela intensidade de seus sentimentos, que com um pouco mais de tempo talvez se mostrassem menos irreversíveis. Vale lembrar que Julieta é uma criança de 13 anos e Romeu teria cerca de 17.
Enfim, feitas essas ponderações, mesmo achando exagerada e inverossímil, essa é uma obra de beleza incontestável e sua aparente perpetuidade é bastante compreensível.
"Apenas caçoa das cicatrizes quem nunca sentiu uma ferida."