O homem sem talento

O homem sem talento Yoshiharu Tsuge




Resenhas - O homem sem talento


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Adriano 05/10/2024

Há alguns anos, procurando saber mais sobre "O homem sem talento" para decidir se eu o compraria ou não, lembro de ter lido em algum lugar que a obra era um ode ao fracasso. Essa descrição foi suficiente para despertar meu interesse. Anos depois, finalmente realizei a leitura, encontrando páginas tocantes e que fazem justiça aos elogios que a obra recebe. Sukezo Sukegawa é um ex mangaká, que abandona a produção de quadrinho, passando a se dedicar à uma série de empreitadas profissionais que claramente o levarão ao fracasso, como vender pedras que encontra nas margens de um rio. Tentar compreender as questões que o levam à essa recusa constante de sua vida de quadrinista, até então bem sucedida, é uma tarefa de reflexão interessante, ainda mais levando em conta a miséria em que o protagonista se coloca, ao lado de sua esposa e filho. Fiquei emocionalmente tocado em muitos momentos, mas sinto que preciso ler mais uma ou duas vezes a obra pra extrair mais... Provavelmente farei isso.
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Lucas.Fioravante 28/09/2024

Foda
Um homem com um ego tão grande quanto qualquer outro do passado, preso nas suas raízes enquanto o mundo a volta evolui e ele, por pura birra, não evolui junto. O homem sem talento diz muito sobre homens velhos com cabeça fechada, se acham os mais fodas mas não conseguem se atualizar em coisas simples. Uma história tocante, me entendi com o personagens algumas vezes.
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Maria1745 14/09/2024

"O Homem sem Talento": A inutilidade da vida humana
Publicado no Brasil em 2019, uma obra com traços biográficos do mangaká (autoficção). Em que, não cede as pressões da indústria capitalista de mangás e ?some? por um tempo, vendendo um próprio sangue para sobreviver. Só volta a publicar mangás depois, e da forma como queria.

Acompanhamos a jornada de Sukezo Sukegawa, um vendedor de pedras- uma prática que era comum, pois eram pedras contemplativas com diferentes formatos. Mas os negócios não estavam indo bem, cada vez mais, as pessoas não tinham interesse. Antes, Sukegawa era um mangaká. Mas abandonou por causa das pressões editoriais. Como ele disse: ?no mercado de quadrinhos, a arte é algo inútil, dispensável? (p. 173). O que estava em jogo era o dinheiro, e não a qualidade. Ao longo do mangá, nos deparamos com as tensões existentes na sociedade capitalista. As pedras era consideradas inúteis, assim como, o vendedor de pássaros, o poeta e outros.

Todos que não estão inseridos dentro das pressões capitalistas são inúteis. Sukegawa tinha tentado outras formas de ganhar dinheiro, vendendo câmeras antigas e até levando gente de um lado do rio para o outro nas costas.

Muitas coisas que eram consideradas importantes, passam a ser inúteis. Pois o maior valor seria o do lucro que conseguiria com isso. Até as formas de trabalhos tmudaram, muitas pessoas tiveram que se adaptar às mudanças ou passaram necessidades. Trabalhos com um ritmo diferente da lógica capitalista, não seriam considerados trabalhos e a pessoa uma preguiçosa. Assim, o trabalho estaria desvinculado com o ócio ou lazer. A utilidade das coisas estaria no lucro. O considerado inútil (a arte, valorizar as pequenas coisas), é o que permite a vida mais agradável.
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palola1 11/09/2024

Não tem funcionalidade para a
Sociedade, logo é visto como um homem inútil.

li por causa da capa e pelo fato de ser um mangá e fui muito surpreendida. amo livros que abordam um choque de realidade e esse é uma pedrada mesmo.

"Falam tanto no valor da diferença, da personalidade, mas quando alguém ultrapassar a linha, é tratado como pária."
"Deixo as pessoas pensarem que sou doente e ninguém me nota. Ninguém espera nada de mim e sou descartado da sociedade, tratado como algo inútil."
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Carol749 11/08/2024

O peso do artista é se provar relevante e necessário, quando o meio em que está inserido é sufocante qual o valor você se dá a sua arte?
O livro trata de um autor que decide largar tudo para vender pedras, mas que busca é essa que faz com que um mangaká relevante abra mão de trabalhos pois julga que não são do nível de sua arte?
Através da venda das pedras (venda essa que não acontece pois é um fracasso nessa empresa) o personagem evidencia os problemas de ser um artista, de lidar com o próprio ego, com o próprio fracasso e com a própria solidão e desilusão.
O personagem principal não é carismático, não é o protagonista com o qual nós nos identificamos de bom grado, ele é humano e cheio de vaidades e falhas, como um bom personagem de histórias japonesas ele é muito honesto em sua humanidade.
Ao mesmo tempo que é triste é uma história extremamente frustrante de se acompanhar.
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gustagr 11/08/2024

O que é ser talentoso?
O "homem sem talento", o protagonista da história, vive uma vida miserável em busca de melhores condições econômicas para si e sua família. Ele está sempre atrasado em suas tentativas de arranjar um trabalho lucrativo, seja como um vendedor de pedras ou de câmeras fotográficas.

Os dilemas enfrentados pelo protagonista trazem questões pertinentes do nosso cotidiano: a pressão da sociedade nos tira nossa individualidade, nosso talento, e o que resta é somente a necessidade de ser útil ao sistema.

"Deixo as pessoas pensarem que sou doente e ninguém me nota. Ninguém espera nada de mim e sou descartado da sociedade, tratado como algo inútil."
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leandra85 24/07/2024

Fiquei com pena do pob :(
A história é muito boa! nunca tinha lido nada parecido, então teve um choque no início mas depois acostuma
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Rafael Mussolini 26/04/2024

O homem sem talento
"O homem sem talento" do Yoshiharu Tsuge (Editora Veneta, 2019) originalmente publicado no Japão em 1985, é um mangá clássico japonês ricamente ilustrado por seu esmero pelo traço simples (que diz muito sobre a história). O mangá nos apresenta a uma narrativa quase filosófica, devido às inúmeras maneiras com que discute as nuances da existência. O protagonista escolhe caminhos que o levam a um fracasso quase programado e que o colocam à margem da sociedade. O tema forte do mangá é esse fracasso pungente, que nos incomoda enquanto leitores, mas que também é o mesmo sentimento que nos faz seguir adiante com a leitura. Yoshigaru Tsuge consegue tratar do tema com uma beleza e lirismo que nos convida a olhar para a miséria por um olhar clandestino, pois existe uma intencionalidade do personagem em se aproximar da miséria e do fracasso que simplesmente não compreendemos.

A história se ancora em um gênero de mangá conhecido como “Watakushi”, que seria algo como “quadrinho do eu”. É uma nomenclatura dada aos mangás que possuem um traço autobiográfico. Ainda que não seja totalmente inspirado na vida do próprio autor, em muitos pontos, a história de Yoshiharu Tsuge serviu de inspiração para alguns acontecimentos e características do personagem principal.

O protagonista da história, chamado Sukezo Sukegawa, abandona a carreira de mangaká (termo usado para definir uma pessoa que faz, desenha ou cria histórias para mangás), aparentemente por não querer se submeter a certas normas e regras que precisaria obedecer para conseguir publicar. Ele então vai para um caminho pouco usual e que gera o espanto de todos a sua volta: a venda de pedras. Sukegawa passa a coletar pedras na beira de um rio próximo à sua cidade para vender em uma banca, que é claro, não é frequentada por ninguém. Para Sukezo, aquelas pedras tem um valor inestimável, enquanto para os demais populares não passam de algo que pode ser adquirido de graça por qualquer um.

Essa premissa abre possibilidades para diversas interpretações. Literariamente, a figura de um homem que coleta pedras comuns para vender é excitante. Essa excitação só aumenta ao passo de não conseguirmos entender porque ele faz isso. Sukegawa não vive por si só, tem uma esposa e um filho e ainda que a miséria esteja sempre batendo à sua porta, o homem sem talento não desvia do seu caminho. Ainda que o trabalho com o mangá pudesse lhe dar uma vida um pouco melhor, ele decide que não quer mais criar e que vai vender pedras e logo depois máquinas fotográficas estragadas que coleta por aí.

Dentre as muitas interpretações que podemos explorar estão as ideias que estabelecemos para definir a arte. O que define o que é arte? Como deve viver um artista? Quem decide o que está agregado de valor ou não? Sukezo Sukegawa demonstra ter perdido completamente o interesse nesses ditames e deseja viver por uma outra ordem, onde o olhar e as expectativas alheias já não são definidores dos seus passos. Ao mesmo tempo que o personagem tem um posicionamento quase apático perante a realidade, consegue também ser provocador, pelo simples fato de não fazer o que se espera dele.

"Uma pedra perfeita exprime a montanha e nos mostra o vale, sugere a nuvem e o vento... revela o universo".

Uma outra interpretação possível está no roteiro que precisamos seguir na vida assim que somos classificados como adultos. Uma fase onde sonho e sobrevivência nem sempre conseguem caminhar lado a lado. Em certo ponto da obra Sukegawa interage com alguns personagens, que assim como ele, fizeram escolhas fora da curva e que possuem um propósito que não é muito claro para quem os observa. É como se fossem pessoas que já não acreditam mais no roteiro e começaram a escrever algo diferente.

site: https://rafamussolini.blogspot.com/2023/05/o-homem-sem-talento-do-yoshiharu-tsuge.html
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Luís Gustavo 14/04/2024

Sem talento talentoso
O autor, nesse quadrinho de certa forma autobiográfico, explora questões da miséria, do azar, da falta de apoio e do desamparo.

A história tem um protagonista que deixa sua profissão de mangaka e passa a tentar outras formas de conseguir renda, desde a revenda de máquinas fotográficas consertadas até venda de pedras - dentro do Suiseki, a arte japonesa de contemplação de pedras. Ele é acompanhado de sua mulher e de seu filho que exercem papéis diferentes na narrativa.

Um dos pontos que me lembrou um outro livro que li esse ano (Diante da Dor dos Outros, da Susan Sontag) foi a forma que o autor/protagonista busca enxergar miséria e ?fracasso? (com todas as aspas possíveis) nos outros como forma de se reconfortar. A todo momento isso aparece de forma direta ou indireta.

Quadrinho bom!
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henyasan 31/01/2024

Fiquei de birra mas bão
Bão demais. não desconfiei do assassino e fiquei de birra mas não posso deixar de dar 5 estrelas por birra. é bão demais
henyasan 31/01/2024minha estante
eu fiz a resenha do livro errado me perdoem




Robremir 22/01/2024

Escalada de miséria
O mangá tem seis partes, e o que lemos durante o mesmo é uma escalada de miséria, com algumas cenas bastante chocantes.

Não sei se é um texto sobre a falta de talento. Ele tem talento como mangaká, tem talento para consertar máquinas, a coleção de pedras é bonita, ele tem boas ideias, falta oportunidade para ter sucesso. O mangá é sobre isto, a oportunidade de sucesso, e sobre como se lida com isso

Marcelo Quintanilha citou a miséria de Vidas Secas no Prefácio. Durante o quarto e o sexto capítulo eu fiquei com A Pomba do Patrick Süskind na cabeça.

Ainda estou refletindo sobre o final. Qual a importância de se descobrir que os miseráveis têm pares. Diminui a solidão? Diminui a sensação de que só você é azarado, amaldiçoado ou esquecido por Deus? O quanto da tua miséria é repassada para você pelas outras pessoas? Conhecer alguém mais miserável diminui o peso da tua?

Enfim... Este é um mangá para pensar e reler no futuro
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Maicon283 13/01/2024

O caminho do abismo
E então... Finalmente li o "Homem Sem Talento", mangá que já há algum tempo me enchia de curiosidade. Sukegawa é um mangaká que abandona seu ofício de mangaká para vender... pedras.

Inevitavelmente, o negócio se mostra sem futuro, já q não há interesse de ngm em adquirir pedras.
Essa história mostra q às vezes é possível se por no caminho de falha de modo consciente - mto a se refletir sobre essa "consciência".
Tudo em volta é contaminado de um silencioso desespero.

Chama a atenção a mulher de Sukegawa que a princípio, está sempre de costas p/ele.

A mim, parece ser um símbolo claro de um mundo q vira as costas qdo vc não tem a serventia esperada.
Destaco tbm o seu filho pequeno, Sansuke, q parece salvar Sukegawa de errar outras vezes.
O caminho é perpetuado por perdas, seja de pessoas, seja de bens materiais, seja de dignidade...

Mas nunca são perdas que não trazem dor junto. E a dor maior, é a da consciência - ou resignação de estar indo para o caminho do precipício, e não conseguir fazer nada, a não ser seguir direto rumo ao abismo.

Um grande quadrinho. Amargo, e grandioso.

(Originalmente escrito em: 18/07/2022)
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Gabriel.Diniz 10/01/2024

A Implacável Sede de Águar.
Esse livro mexeu muitíssimo comigo... o gênero dele é Watakushi (um mangá autobiográfico mais auto-filosófico).

Tsuge cria uma narrativa densa e pesada sobre o constante fracasso e desprezo de um homem que decide vender pedras na beira de um rio lotado de pedras para sobreviver tendo uma esposa sempre exausta e um filho sempre doente.

Entre as dezenas de reflexões e introspecções sobre desprezo, miséria, etc., nada mexeu mais comigo do que a constante crítica ao aceleramento social que destrói as finíssimas artes da contemplação.
essa narrativa sublime e subliminar constantemente traça essa disputa, a sensibilidade sobre contemplar o mínimo com encanto e respeito, e à hiperatividade que inutiliza a arte e o tempo "não-útil".

Acho que passei grande parte da minha vida me sentindo como um vendedor de pedras. Tendo a oferecer para o mundo um total de nada que o mundo considere de valor. A arte e a poesia sempre foram minha vida durante minha juventude e adolescência. Tudo que mais sabia fazer, mais amava fazer, mais me dava alegria de viver, era nada além do que existe enquanto ?distração? para muitos.

Acho que o livro, entre muitas coisas que me atraiu, me chamou a lembrar a importância de questionar, como Krenak diz, se a vida tem utilidade. Porque sinto que isso é uma redução tão imensa da vida? fazê-la ser útil. Além de me despertar novamente a certeza que preciso aprender a contemplar mais e melhor.
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Garoto em Verso 29/12/2023

Minha Pequena Obsessão Vazia
Fascinado com esse título desde que me deparei com o mesmo em um canal literário aleatório, não sabia exatamente o que imaginar pelos leves spoilers que tomei. Imaginei uma história trágica, porém, o que recebi foi uma boa dose para reflexões interiores. 

O Homem sem Talento, de Yoshiharu Tsuge, conta a história de um homem que vende pedras à margem de um rio, sua trajetória com sua esposa e filho por momentos de miséria e sua busca por absolutamente nada.

Temos um protagonista egoísta e cabeça dura, sonhador e ambicioso, ou melhor, que acredita ser, temos uma família caindo aos pedaços, colada junta pela necessidade de sobrevivência e uma pletora de personagens secundários, cada qual com seu pequeno projeto vazio. 

É uma história desconfortável de ler, creio que o autor sabia bem que estava causando esse desconforto. Existe algo inegavelmente falho em Sukezou e suas "ambições" egoístas, porém não deixa de ser real, são muito mais comuns sonhos de enriquecimento do que milhonarios.

Esse miserável livro sobre a miséria da alma e o "nada" é sensacional, uma das melhores leituras do ano, porém com certeza não deve ser lido quando se está numa baixa profissional. Admito, eu mesmo já quis jogar meu talento fora e vender.pedras.na beira de um rio. 
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