Carol 31/07/2024
Séc. XIX e Séc. XXI, tanto faz, dá no mesmo.
"E naquela terra encharcada e fumegante, naquela umidade quente e lodosa, começou a minhocar, esfervilhar, a crescer, um mundo, uma coisa viva, uma geração, que parecia brotar espontânea, ali mesmo, daquele lameiro, e multiplicar-se como larvas no esterco."
Como pode o ser humano ser um só desde sempre. Seus problemas, suas lamúrias, suas imperfeições e ações diante das banalidades da vida. Somos fruto do ambiente em que vivemos? Ou o cortiço é um exagero da escola naturalista, do quão horríveis e brutais nós somos capazes de ser em nome dos nossos interesses?
O cortiço é o personagem principal, e os demais parte de um cenário bem construído, que ganha realidade em cada página lida.
Livro obrigatório em muitos vestibulares não é por acaso ele é o retrato do Brasil despido e nu.
"... o Brasil, essa terra que, na sua opinião, só tinha uma serventia: enriquecer os portugueses..."
Na minha opinião, Aluísio via o homem em sua natureza real e instintiva, no livro a escrita já mostra de modo grosseiro e animalesco as ações e egoísmos dos personagens, todos eles, repito, todos eles, são péssimos de maneiras inacreditáveis.
Não é um livro de agora com um pouquinho de lá, é um livro de lá com ou tantão de agora. Marquei quase o livro todo, toda a grosseria, racismo, imparcialidade, tudo está grifado para provar que nada mudou, o Brasil é o mesmo de 134 anos atrás.
"... lançava para baixo olhares de desprezo sobre aquela gentalha sensual, que o enriquecera, e que continuava a mourejar estupidamente, de sol a sol, sem outro ideal senão comer, dormir e procriar."
# Justiça por Bertoleza
# Rita Baiana eu te odeio
# João Romão voce é o mais egoísta.
E assim é o cortiço, ninguém está a salvo do seu destino, que "Diabo!" Pode ser bem
pior que morte.