Antes do 174

Antes do 174 Janda Montenegro




Resenhas - Antes do 174


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RUDY 16/12/2010

ANTES DO 174 – JANDA MONTENEGRO

Sandro Barbosa do Nascimento é um dos sobreviventes da Chacina da Candelária/RJ que ocorreu em 1993. NO DIA 12 de junho de 2000, Sandro seqüestrou o ônibus 174 que ficou retido no Jardim BotÂnico e teve transmissão ao vivo em rede televisiva nacional.
Em ‘Antes do 174’ Janda coloca as últimas horas que antecedem ao seqüestro do ônibus feito por Sandro. Seus pensamentos, sentimentos, encontros e desencontros, dúvidas e questionamentos.
Em uma narrativa em 1º pessoa onde Sandro expõe um mundo de acordo com sua visão de sombra/sobra... da e na vida.
“ELES NÃO ENTENDEM... A QUESTÃO NÃO É QUERER SE MATAR, VOCê NUNCA QUIS E NUNCA VAI QUERER. É UMA FORMA DE DESAFIAR O SISTEMA QUE SÓ QUER PASSAR POR CIMA DE PESSOAS COMO VOCÊ”.
Essa visão nos faz refletir sobre nossos conceitos e preconceitos. Nos faz analisar o que acontece em cima dos “morros” cariocas (e em outros tantos morros espalhados por todo Brasil) por um prisma totalmente diferente do que é repassado pela mídia e daquele que temos como parâmetro. UMA verdadeira lição de reflexão e mudança de paradigmas.
“NADA DESSAS COISAS QUE PRECISAM, DE FATO, PERMANECEREM. TUDO PARECIA. E TUDO O QUE PARECE NÃO DURA, APENAS ESTÁ ALI. E O VERBO ESTAR É MALEÁVEL, INCONSTANTE, ASSIM COMO AS PESSOAS QUE TEM ROSTO TODOS OS DIAS.”
Janda Montenegro é uma das escritoras dessa nova safra boa de autores brasileiros que vem surgindo. Formada em letras-literatura pela UFRJ e guia de turismo internacional usa seus conhecimentos literários de forma direta, em uma linguagem atualizada, de fácil entendimento e nos põe a pensar e repensar na sociedade e seus comportamentos.
Na minha humilde opinião, o livro é interessantíssimo!
“IMPRESSIONANTE A MESMICE DESSAS PESSOAS. SEMPRE EXIGENTES, SEMPRE VOLUNTARIOSAS. NADA LHES É SUFICIENTE. O QUE TEM NÃO É BOM, É PRECISO TER OUTRA COISA, AQUILO QUE ESTÁ POR VIR. TER O QUE SEQUER EXISTE. ‘TEMPO É DINHEIRO’, ESTÁ ESCRITO NO ROSTO DE UMA DELAS. ‘DINHEIRO É TEMPO’, DIZ O ROSTO DA SEGUNDA. ‘TEMPO E DINHEIRO’ RESUME A ÚLTIMA.”
Janda 18/12/2010minha estante
fico muito contente que o livro tenha lhe possibilitado enxergar melhor nossa sociedade. era esse o objetivo! obrigada rudy.


Michelle 11/04/2023minha estante
Um livro que leva as lágrimas




Nessie 11/10/2010

Uma vítima da sociedade
O que leva uma pessoa a cometer um crime?
A diferença social sempre vai existir, mas o descaso social precisa mudar! Fazer de uma pessoa "a celebridade do momento" só porque sofreu uma história de tortura e depois deixá-la ao acaso, é mais cruel do que simplesmente não saber de sua existência.
Todos os passos tomados por uma pessoa, que nem se julgava digno de ser chamado de "gente", até a grande tragédia de sua vida. É essa a idéia do livro de Janda Montenegro - Antes do 174.
Ao pegar o livro pra ler, eu não tinha idéia do que me esperava, afinal, esse não é o tipo de literatura da qual eu costumo ler. Mas confesso que fui supreendida por uma obra diferente e agradável. Janda me chamou atenção, nesse livro, da realidade que vivemos: vemos o que queremos, julgamos tudo o que vemos. Mas e o "por que" de tudo, onde fica? Não paramos pra analisar os motivos que levam um jovem a procurar um caminho alternativo...
O que posso dizer do livro "Antes do 174"? Que tá rolando por aí de mão em mão, já o emprestei pra várias pessoas que me devolvem (no mesmo dia, porque a leitura é gostosa e rápida)com uma enxurrada de elogios! O livro é bom, seu conteúdo é um alerta, e não uma desculpa pros erros, apenas uma nova visão do que deve ser mudado.
Janda 14/10/2010minha estante
fiquei sem palavras, sério!
muito obrigada por ler este livro.


Nessie 16/10/2010minha estante
Janda, ler seu livro foi um prazer imenso! Vou estar divulgando sempre!!! :D




mura 08/12/2010

Muito bom!
Uma bela história, que mostra muita coisa verdadeira, que às vezes não queremos enxergar.
Janda 13/12/2010minha estante
exatamente isso! obrigada pela resenha.




cfsardinha 25/10/2010

Quase um livro jogo :P
Quando comecei a ler o livro da Janda, lembrei-me de meus tempos de RPG. Mais precisamente dá época em que conheci os livro-jogos.
A sensação de se sentir na pele do personagem foi tamanha que deu até para experimentar as agonias e os sentimentos dele.
Um livro envolvente com aquele sabor do "e agora, o que será que acontecerá?".
Também um belo trabalho de pesquisa e resgate do passado do personagem, fazendo com ele deixasse de ser mau ou bom. Era simplesmente um homem num dia de fúria.
Parabéns, Janda. Continue nos brindando com textos tão envolventes como este :)
Janda 31/10/2010minha estante
Hhahaha sempre vou rir muito desse teu ponto de vista. Depois que vc me o apontou, entendi um novo mundo da narrativa. Obrigada!




Psychobooks 08/12/2010

"Tive o prazer de conhecer a autora Janda Montenegro na bienal do livro de SP. Ali pude obter mais acesso ao seu trabalho como escritora e ao seu recém lançado Antes do 174. O livro é seu primeiro trabalho como escritora e acreditem: foi escrito em três dias! Sim, a escritora que se mudou para o RJ no dia da tragédia do ônibus, que leva o nome na capa do livro, teve a passagem muito marcada na sua vida e a necessidade de enriquecer a história de Sandro Barbosa do Nascimento, o seqüestrador do ônibus que mobilizou o Brasil.
A história já foi bastante retratada no filme Última Parada 174, porém no livro temos uma visão dos últimos momentos de Sandro antes de embarcar naquele fatídico veículo. A proposta literária de Janda é bem diferente do cotidiano. Além de estrear com um tema polêmico e uma história baseada em fatos reais, o livro possui uma linguagem simples, direta e com um narrador que transforma o leitor no seqüestrador. Nas 78 páginas transcorridas pelo livro você consegue sentir na pele todas as emoções, vivências, frustrações e devaneios de Sandro e esse sem dúvida nenhuma é o grande ponto forte dele. Em alguns momentos pude quase entender, se é que é possível o que motivou o protagonista a realizar a atrocidade em 2000. O livro retrata a história da chacina da candelária e o descaso da sociedade mostrando o lado nu e cru da sociedade brasileira.
Em alguns pontos do livro eu senti alguma repetição de passagem, mas nada que fizesse da leitura prejudicada ou do livro desmerecedor de seus créditos. Outros pequenos detalhes foram percebidos por mim, mas tudo plausível não só por ser o primeiro trabalho da Janda, mas também pelo próprio tempo que o livro foi escrito. Isso inclusive deve ser elogiado, pois em apenas alguns dias a obra mostrou uma estrutura e desenvoltura excelentes."


Resenha feita por Leandro Schulai, autor do livro O Vale dos Anjos para o blog.

Acesse e confira:
http://www.psychobooks.com.br/2010/10/psychobooks-convida-leandro-schulai.html
Janda 31/10/2010minha estante
Que bacana sua resenha Schulai!Obrigada pelo empenho na leitura e em me deixar suas impressões. Sei dos pontos que você fala e concordo que a narrativa seja o ponto forte do livro.
Obrigada mais uma vez!




Naclara 07/10/2023

Antes do 174
Como moradora do RJ, não faço ideia de como não conhecia esse acontecimento. Pelo que vi depois de terminar a leitura, ele é muito famoso, mas como faz muito tempo, e eu nem mesmo era nascida quando aconteceu, não me veio isso.
Enfim, a leitura é curta já que o livro é pequeno. Da pra terminar em um dia, mas demorei 3 kkk é uma leitura meio incômoda não só pelo fato de dela em si, mas de nos colocarmos no lugar dele. Foi um acontecimento horrível, e nesse livro, é o que passava na cabeça dele antes de fazer tal coisa. O motivo de fazer tal coisa. Realmente, ele sofreu muito, não teve uma boa vida, mas não deixa aceitável o que ele fez. Uma coisa não anula a outra. Enfim kkk não sei definir totalmente o que achei dessa leitura, e talvez a intenção dela nem seja pra formar opinião, só pra te incomodar o suficiente para que se entenda minimamente. Talvez para que sejamos capazes de observar melhor nossa sociedade e entender como ela funciona.


" Você tenta. Você bem que tenta. Quer acreditar nesse negócio de que sombra faz barulho, mas não consegue. Se você é uma sombra, e se sombra faz barulho, como não consegue produzir nenhum som? Nadinha mesmo, nem um sonzinho, um ruidozinho sequer? Antes, quando ainda era pequeno, não fazia questão de nada, tudo era novidade, tudo era diferente. "
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Janda 18/04/2010

Eu escrevi o livro, logo, me abstenho de fazer resenha. :)
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Érika dos Anjos 19/04/2010minha estante
uahuauhahuahuahuahu amei o comentário! rsssss




Mel 10/07/2017

"Antes do 174" conta a história de Sandro, que em 12 de Junho de 2000, sequestrou um ônibus da linha 174 no Rio de Janeiro e acabou matando um dos passageiros, uma professora. O livro, como diz no título, nos apresenta os momentos antes do ato, um histórico de exclusão social que poderia facilmente ter sido a história dele e que é a história de muitas pessoas ainda nos dias de hoje.
É um livro curto, ficcional, mas que nos faz refletir sobre a sociedade e sobre como a falta de oportunidades e a exclusão social levam pessoas a cometerem atrocidades. Apesar do desconforto e da sensação de uma certa impotência diante do tema, é uma leitura necessária e altamente recomendada.
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Raffafust 02/05/2014

Tenho um certo desconforto em ler livros com esse tema. No livro " Antes do 174" a autora Janda Montenegro entra a fundo na cabeça de Sandro Barbosa, que como muitos sabem escapou ileso da chacina da Candelária mas anos depois sequestrou um ônibus no bairro do Jardim Botânico e acabou matando uma professora inocente.
A autora imagina o que se passou na cabeça dele antes do fatídico dia, é certo que Sandro teve poucas chances na vida, mas como no filme " Um dia de fúria" com Michael Douglas, ela imagina ele saindo da favela e vendo todas as diferenças sociais que atingem nossa sociedade. Por mais que eu como leitora saiba que a diferença social e todo nossos erros do passado quando foi assinada a abolição mas não se deu nenhuma chance de educação e melhoria para os negros ou se preferirem afro - brasileiros, eu não consigo como cidadã desse país sentir pena e por vezes me sinto um monstro sem coração.
Durante a leitura me perguntei diversas vezes onde foi parar a pessoa boa que acreditava ser , aquela que ainda via esperança no ser humano recuperado das ruas ? Acredito que ela tenha morrido em algum lugar entre a minha infância e afase adulta de hoje depois de já ser parte do cotidiano presenciar em todos os meios de comunicação roubos e assassinatos. Chega a não ser mais novidade.
Mas aonde está o nosso erro como cidadão de bem? Tirar a culpa de Sandro, por mais que tenhamos consciência de que o mundo em que viveu lhe tirou toda a esperança e assaltar era o único caminho que ele via pela frente não me parece correto. Mas onde mesmo foi parar o que é certo e o que é errado em uma sociedade onde eu bato palmas quando amarram um menor de idade no poste porque cansei de ver eles sendo soltos depois de derrubarem idosos no bairro onde moro e sairem ilesos por não terem mais de 18 anos.
Com o livro da Janda, me perguntei diversas vezes como ela conseguiu ver com outros olhos o Sandro, se a conheço e sei que ela não foi criada como ele?
Falta no outro o olhar? Falta compaixão? Não sei, terminei o livro intrigada, não sei se ainda acredito em uma sociedade melhor , não vejo mais este como o país do futuro, mas certamente o livro nos leva para um julgamento, dentro de nosso ser, até onde ainda temos esperança, e até onde Sandro não tinha mesmo outro rumo a tomar?
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Janice 28/06/2012

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Ao ler este livro, tentei esquecer tudo que sabia dessa história, pois também acompanhei o desenrolar pelos telejornais e achei importante não misturar os fatos e minhas opiniões à ficção. Pois bem, não foi fácil.
O livro é dinâmico, li rapidinho, mas a forma de narração me incomodou desde as primeiras páginas. Não achei legal ver-me na cabeça do Sandro, e apesar de ter uma vida terrível, ele não é um pobre coitado. Entendo que cada um tem sua parcela de culpa nessa sociedade injusta, onde poucos têm muito e muitos não têm quase nada, mas Sandro não é uma vítima, é um algoz.
Nada justifica a violência, e “aquilo que tinha que fazer” não faz sentido algum, na verdade! Apesar de uma infância (não-existência?) sofrida, vilipendiada, onde sua dignidade foi-lhe tirada de diversas formas, ele fez uma escolha. Escolheu causar dor, numa tentativa de vingar o que lhe fizeram, porém sem importar-se com as conseqüências. Teria ele pensado que as pessoas naquele ônibus tinham família? “Fazer o que tinha que fazer” realmente aliviaria sua angústia, seu sofrimento? Creio que não.
Sandro também morreu, mas deixou uma ferida que jamais cicatrizará, despedaçou uma família, e acredito que sua morte foi um bônus PARA ELE, afinal, não precisará pensar na porcaria toda que fez!
Outra coisa nessa narrativa também não fez sentido algum para mim: o uso de palavras e expressões que provavelmente uma pessoa sem estudo e o hábito de ler não usaria. Coisas como: maleável, inconstante, asco, execrações, pesadelos renitentes etc.. Aliás, quando ele usou a palavra horizonte também estranhei, mas essa veio acompanhada de uma explicação tão comovente que passou a fazer todo o sentido na narrativa.
Enfim, recomendo o livro, mas não gostei da autora ter colocado Sandro num papel de vítima da sociedade.
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Carol 03/07/2011

Profundo!
Há 11 anos o seqüestro do ônibus 174 ( Central- Gávea) escandalizou a população do estado do rio de janeiro resultando na morte da professora Geisa Gonçalves e desespero de 11 passageiros reféns de Sandro do Nascimento.

Eu tinha apenas 12 anos quando tudo isso aconteceu e me lembro de passar o dia acompanhando pela TV e pelo rádio as novidades desse seqüestro. O ônibus ficou em poder de Sandro por várias horas enquanto a polícia tentava negociar. Chantagens foram feitas, tiros foram disparados e no final devido a uma operação de resgate a professora foi morta pelo rapaz, que morreu a caminho da delegacia no camburão da polícia.

Janda Montenegro escreveu Antes do 174 com um olhar diferente do comum e uma idéia bem profunda e intensa, pois o único personagem onisciente é Sandro do Nascimento. O narrador conta as últimas horas da vida do seqüestrador antes de entrar no ônibus. Ao longo da narrativa nós sentimos e respiramos suas angústias e insatisfações com a vida, além de observar e compreender certas opiniões permanentes e marcadas pela sociedade.Tais como, o desprezo da população por mendigos,drogados e moradores de rua.


A fome, a sede e a saudade da mãe (assassinada a tiros em sua frente na infância) também marcaram bastante a vida de Sandro e permaneceram em sua memória assim como a chacina da candelária, na qual, ele foi um dos únicos a escapar.Creio que todos esses dissabores e tragédias afetaram o seu modo de viver tanto que muitas vezes ele se autodenomina uma sombra, ou seja, um nada no mundo.


Eles não entendem... a questão não é se matar, você nunca quis e nunca vai querer. É uma forma de desafiar este sistema que só quer passar por cima de pessoas como você. Eles esquecem que você é uma pessoa! Para eles, você é uma coisa. Inominável. Às vezes eles o classificam de sombra por falta de um nome para classificá-lo. pp.21


O livro tem uma diagramação bonita e bem feita pelo estilo de história. Parece que estamos lendo uma reportagem de jornal diferente, com um olhar mais apurado e investigativo se levarmos em conta os desejos e vontades de Sandro.


A narrativa é pesada e bem crítica. Então temos que manter a cabeça aberta a novas visões de mundo, porque analisar o sofrimento de quem cometeu o crime é um pouco controverso e causa certa repulsa, mas eu acredito que todos mereçam ser perdoados desde que se arrependam. Só que não sou eu quem vai julgar um criminoso, muito menos virar a cara para um livro tão diferente e bem escrito. Vale à pena ler, pois o livro é curtinho, tem só 79 páginas, mas muitas questões sobre humanidade são exploradas e a experiência para mim foi maravilhosa.

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Bruno Leandro 03/12/2010

Pulsação acelerada e conflitos contínuos.
Primeiro, quero dizer que achei fantástico o ponto de vista que a Janda resolveu usar. Afinal, escrever um livro em segunda pessoa é muito difícil e desafiador. Ou seja, ela foi extremamente corajosa e, creio eu, bem-sucedida no que pretendeu.
O ponto de vista do livro faz duas coisas: primeiro, te faz pensar como o personagem, o que há dentro da cabeça dele, como se você fosse o próprio. No entanto, eu senti algo diferente. Conhecem fadas? É como se houvesse uma fada, ou a consciência do personagem, falando a toda hora. É como se você fosse essa consciência, esse ouvinte secreto descobrindo os últimos pensamentos daquele rapaz antes da entrada no ônibus. Como ele poderia ter se sentido, como ele poderia ter reagido às situações e, claro, aqueles pensamentos que o levam de volta ao passado, onde descobrimos um pouco mais da história de um personagem tão controverso e que já sofreu tanto na vida.
O livro também conta com uma tensão contínua. Simples assim: não há momentos calmos. O pensamento do rapaz é sempre agitado, fazendo com que haja maior ou menor tensão, com vários picos, mas nunca se permitindo uma normalidade. O pensamento é confuso, coflituoso, vertiginoso. Simplesmente não para.
Enfim, o livro cumpre o que promete de maneira magistral. O que vem depois é fato, mas não precisa ser relembrado no livro. Assim, a partir da entrada no ônibus, a história segue novamente seu curso e sai da fantasia (uma fantasia feia, má,tão cruel quanto a realidade, mas, ainda asssim, uma fantasia) e volta à realidade; um campo onde, sabiamente, a autora evita pisar e nos deixa ali, à porta daquele ônibus, onde aquele rapaz, infelizmente, resolveu entrar...
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Janda 13/12/2010minha estante
Que interessante, acho que vc foi o primeiro leitor que até agora conseguiu entrar no que eu originalmente havia proposto, que nao era colocar o leitor como assaltante mas sim colocá-lo junto com ele, observando seus movimentos.
Obrigada pela resenha! Falta avaliar agora. :)


Rodrigo Gomes 16/12/2010minha estante
Bruno,juro que ainda não li esse livro.
Pela forma com que você falou parece ser muito legal,principalmente pela forma com que ela constitui a narração.
Achei Demais!




Vivi 30/08/2010

Ousadia enfurecida!
Pois é assim que vc se sente ao ler o livro de Janda Montenegro! Talvez tenha sido dessa forma que o projeto nascera e é dessa forma que a narração te traz para o mundo dos sem-rosto.

No início, eu tive um pouco de receio. Achei que fosse chorar, ficar deprê... nada disso. Embora tenha sentindo o que sempre senti a minha vida inteira; indignação por conta da situação em que se encontra a nossa sociedade, não perdi a atenção enquanto lia cada parágrafo.

A narrativa te leva por caminhos ao lado do personagem desde o momento em que o rapaz sai de casa até o momento em que entra no ônibus 174.

É muito interessante constatar que a cada parágrafo lido, vc consegue sentir o humor do personagem... mudando, se transformando, se tornando mais melancólico ou mais irritado com as situações à sua volta. Não sei se foi essa a intenção da autora, mas de longe, me pareceu uma estrutura inteligente.

Até porque, dessa forma, vc se prende à história até o fim. Mesmo sabendo que em algum momento ele vai subir naquele ônibus, vc não quer se perder... Vc respeita o espaço e o tempo que ele leva para pensar nas coisas e refletir sobre sua 'insignificância'. Vc respira cada momento junto com ele, sentindo o que ele sente, vendo da maneira como ele vê.

E o irônico é que tudo que é dito, embora algumas vezes em caráter repetitivo, vc sabe que é exatamente como a nossa sociedade vive. É triste, mas é verdade. Infelizmente.

Parabéns, Janda! =) Sinto-me como se te conhecesse melhor. Adorei!
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Priscila 01/01/2011

Finalmente depois de tanto tempo de comprado consegui lê-lo,e confesso que fiquei um tanto impressionada é fato que eu moro em um lugar menos desfavorecido e que por varias vezes vi tudo que se passa no livro acontecer,mais é que tudo esta ficando tão rotineiro que ver uma criança na rua pedindo esmola esta se tornando normal na visão do brasileiro.
Ler antes o 174 me deixou em uma certa agonia de saber que uma pessoa pode se achar tão insignificante aos olhos de outros e algo que te leva a pensar,mas não adianta só pensar também tem que agir.
Fiquei impressionada com como a Janda consegui meio que entrar no personagem e escrever tão bem.Enfim gostei muito e recomendo.
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Janda 03/01/2011minha estante
Pois é, as pessoas me perguntam como eu consegui "entrar na cabeça dele", mas na verdade ele e todos os outros estão aí, todos os dias - como vc mesma disse - pedindo e querendo ser observados, notados.
Obrigada pela leitura e pela resenha Pri!




Leandro Mattos 24/07/2010

A vida de uma Sombra
Livro imperdível, Janda Montenegro nos convida a refletir sobre como anda a nossa sociedade. Esta ficção traz o relato de Sandro e como era sua "vida", ou melhor, sua existência como sombra. É impossível terminar de ler este livro e não fazer uma reflexão de tudo a sua volta, uma reflexão em como ajudamos a manter este status quo de inércia. Tema polêmico e que vai incomodar muita gente, pois fala abertamente umas verdades sobre as pessoas sombras.
Faltam-me palavras para descrever o livro, fala de uma realidade que muitas vezes tentamos esquecer
Livro altamente recomendado. Uma leitura fácil e envolvente, quando começa torna-se difícil não afundar mais.
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