Essa gente

Essa gente Chico Buarque




Resenhas -


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Joao.Marcelo 27/01/2020

Aprendi a gostar de Chico Buarque ainda criança ouvindo "João e Maria" e "Os Saltimbancos".
Lembro também de ouvir "Vai Passar" do toca fitas do carro, viajando com meus pais ao som do "paralelepípedo" rimado. Depois no ginásio fui apresentado à letra de "Construção", seu sentido e sua rima rica. "Cotidiano" me ensinou a poesia das coisas simples.
No CEFET, "Gota D'Água" como leitura "obrigatória" na disciplina de Português foi o cartão de visitas para a "Ópera do Malandro" e a peça "Roda Viva".
Vi em Duarte e suas esposas, suas amantes, suas cartas, suas desculpas para não entregar o novo romance à editora e seu inconformismo diante do clima político pesado que assola o país, um pouco do Chico presente numa coleção de 5 CDs, onde suas canções estão classificadas entre "O Malandro", "O Cronista", "O Amante", "O Político" e "O Trovador".
Duarte não é o Chico, mas é inconfundivelmente Chico:
"Não sou de bater em mulher, nem me dá prazer algum magoar o coração delas. Prefiro as que já vêm magoadas por outro homem; mulheres traídas, por exemplo, mulheres com raiva, a cara quente. Mas nada se compara às esposas que enviuvaram ainda jovens e fiéis. Aquelas que se agarram ao caixão fechado, no velório do marido morto em acidente pavoroso. Não posso ver uma foto desses velórios sem pensar em quem será o primeiro a se deitar com a viúva, por quanto tempo ela resistirá, com que confusão de sentimentos se entregará por fim. Mulheres que choram no orgasmo também aprecio. Finjo: está triste?, doeu? Existe mesmo um misterioso elo entre compaixão e perversidade."
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Dani 22/01/2020

O formato epistolar pede que se dedique ao texto. Uma boa história, engenhosa, cheia de mistério e simbologias, principalmente em seu desfecho, que é misterioso. Mostra a capacidade de Chico buarque na criação. Ele criou uma ficçao agradável e interessante e não deixou de lado a realidade do rio de janeiro. Por se passar em 2019, engloba atualidades, ou absurdos atuais.
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@retratodaleitora 13/01/2020

“Essa Gente” é o último romance publicado do escritor, cantor e compositor Chico Buarque. Sou grande admiradora de seu trabalho na música, mas esse foi meu primeiro contato com sua literatura.⁣


Neste curto romance de narrativa epistolar somos apresentados a Manuel Duarte, um escritor de 66 anos, divorciado e em uma grande crise financeira após passar anos sem publicar nada tão notável quanto seu primeiro livro, que lhe rendeu alguma fama no mercado editorial. Para tentar voltar novamente ao mercado, ele começa a escrever seu próximo romance em meio a um bloqueio criativo que é piorado pelos seus traumas pessoais, sua relação conturbada com as ex-esposas, sua falta de comunicação com o filho (é um pai ausente), e a crise política do país no começo de 2019, uma vez que a história tem seu desenrolar neste ano.⁣


O que encontrei nesse protagonista foi um homem mesquinho, egocêntrico, machista e conivente com violência e racismo. Em um ponto ele, o protagonista, chega a comparar mulheres a desgraças, além de sexualizar todas as personagens femininas do livro. Por muitas vezes o personagem de Duarte se distancia dos conflitos que acontecem ao seu redor se refugiando em sonhos eróticos/absurdos. Essa troca do real para a ilusão foram bem trabalhadas, mas ainda assim a falta de emoção do personagem não faz nada pelo leitor, que, e aqui falo por mim: também não consegue sentir muita coisa.⁣

Não sou contra personagens boêmios; acontece que a falta de noção desse personagem, somada a falta de ação e emoção na narrativa, me entediaram de tal forma que só a indignação pelas passagens sexistas e racistas me moveram a continuar e ver até onde ia tudo aquilo. E o final? Uma bagunça.⁣

É um livro rápido, fácil de ler, e extremamente simples, mas sua execução foi rasa, carente de um ritmo melhor. E cadê as críticas sociais sobre a situação do país? O que eu vi foi um personagem totalmente ignorante sendo conivente com todo tipo de violência e voltando para seu apartamento de gente rica no final para ter, dos desfechos, o mais previsível. Se o autor queria isso e queria gerar desconforto, foi bem sucedido. Não foi um livro para mim.

site: https://www.instagram.com/p/B7KA41xDMv5/
Vanessa.Oliveira 29/01/2020minha estante
Compartilho do mesmo sentimento.


Junior 19/02/2020minha estante
concordo com várias colocações




Wagner 12/01/2020

FICO COM ELE...

(...) O capitão nervosinho ordena ao garoto que se decida de uma vez: segue com a mãe ou fica com o pai. Fico com ele, diz o garoto, referindo-se ao cão. (...)

in: BUARQUE, Chico. Essa gente. São Paulo: Companhia das Letras, 2019. pg 73.
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Eduardo 29/12/2019

Alguns comentários soltos sobre o livro
"Não bastassem os perrengues pessoais, ficou difícil me dedicar a devaneios literários sem ser afetado pelos acontecimentos recentes no nosso país"

A citação acima é de um trecho da primeira página do livro e que já dá uma chave de leitura para o livro, assim como um apelo ao público leitor: é um livro que tratará da recente ascensão da extrema-direita ao poder e da explicitação das bases violentas que sempre constituíram este país.

Uma das forças que parecem tocar grande parte da ação no romance - e do seu pano de fundo, a onda reacionária na política nacional - é a crise econômica, que faz revelar sem muitos pudores o desejo da violência que mantém as desigualdades nos seus lugares e também as relações pessoais baseadas no interesse egoísta.

Gosto de como no livro a obra literária de Manuel Duarte é questionada, fazendo com que o próprio leitor desconfie também da obra de Chico Buarque, sem esquecer que junto a suas intenções de compreensão e de crítica da realidade social por meio da literatura há também interesses comerciais em jogo em um contexto de crise (seja artística, seja econômica).

Há um outro interesse nesse livro que é o que ele propicia de material para reflexão sobre qual foi o papel de intelectuais e artistas durante a Nova República e quais serão os papéis que lhes podem ser reservados no país que a extrema-direita quer construir. Nesse sentido, as trajetórias de Maria Clara e do próprio Manuel Duarte são bastante claras sobre quais são essas possibilidades...

A impressão que tive é de que no livro há alguns poucos capítulos que valem bastante a leitura do livro (o do sonho com a travesti, o do assalto, o da discussão com a enfermeira evangélica). Além disso, é um livro que vai melhorando ao longo das páginas. O começo me pareceu um pouco fraco, e depois ele ganha força.

Por fim, alguns elementos do livro me lembraram o livro Pornopopéia, do Reinaldo Moraes (o narrador escritor, a violência e o egoísmo nas relações, algumas partes do enredo).
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Matheus656 28/12/2019

Fail
Expectativas frustadas tive com esse livro que embora tenha uma boa estrutura, o ilustrissimo autor tenta de modo amador explicitar problemas e temáticas mais complicadas do que realmente parecem ser no livro. Como um deboche apelativo e desesperado feito apenas para vender e ?lacrar?. Esperava muito mais de Chico Buarque do qual sou grande fã, mas que consigo reconhecer essa mancha que será aclamada por bajuladores.
none 31/03/2021minha estante
Vendo os comentários até aqui noto que pelo fato do livro ser de Chico Buarque a cotação sobe: resenhas de pessoas que deram 4 ou 5 estrelas afirmam ter achado o livro mais ou menos, ou seja a leitura não foi tudo isso. Se fosse outro autor, não famoso, o livro não teria esse apelo nem teria uma classificação tão aclamada.




Lilia Carvalho 11/12/2019

Bom
Livro despretensioso, com boa pitada de humor, de fácil leitura!
Curti bastante
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Daniel432 10/12/2019

Surpreendente pela Atualidade
Primeiro, um alerta. Sou fã incondicional do autor, não só do músico mas também do escritor.

Isto posto, Chico Buarque segue surpreendendo!! Essa Gente retrata as dificuldades de um famoso escritor (não seria o próprio Chico!!??) para concluir um livro, entremeando dificuldades financeiras, relações amorosas oníricas e fatos bastante atuais tais como a incitação à violência e intolerância e o assassinato do músico na favela do Rio de Janeiro.

A forma de diário facilita a leitura do livro mas nem precisava pois, ao contrário de O Estorvo, a leitura de Essa Gente é fácil e prazerosa.

Nem precisa dizer que recomendo a leitura não só de Essa Gente mas de todos os livros recentes do Chico Buarque.

PS.: Recomendaria os livros anteriores, mas não os li e também não sou muito chegado a ler peças teatrais (Calabar e Ópera do Malandro).


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Gabriel.Renan 01/12/2019

Excelente romance! Um futuro clássico contemporâneo...
Enredo e narrativa muito envolventes, criticas sociais e comicidade na medida certa!
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Alexandre Kovacs / Mundo de K 30/11/2019

Chico Buarque - Essa gente
Editora Companhia das Letras - 200 Páginas - Capa e projeto gráfico de Raul Loureiro - Lançamento: 09/11/2019.

O lançamento do sexto romance de Chico Buarque ocorre no ano em que o cantor, compositor, poeta e escritor se consagrou ao receber o Prêmio Camões, uma das distinções mais importantes da área de literatura em língua portuguesa. Essa gente vai surpreender o público pela linguagem simples e ritmo veloz, características pouco comuns nas obras anteriores do autor, normalmente de estrutura narrativa mais formal. O livro é constituído por blocos de texto na forma de entradas de diário, alternando cartas e mensagens, diálogos e trechos de conversas telefônicas, no período entre dezembro de 2016 e setembro de 2019.

Ao focar a ação no tempo presente, o autor corre o risco de assumir uma literatura panfletária em função da atual tendência de polarização política, uma vez que Chico Buarque é um dos alvos prediletos da direita, contudo, no final, ganha o leitor ao se reconhecer nessa gente que vive na caótica cidade do Rio de Janeiro, entre a praia e a favela, em situações nas quais o absurdo da realidade cotidiana supera a ficção mais delirante. O protagonista, Manuel Duarte, é um escritor decadente que atravessa um período de bloqueio criativo, além da crise financeira e emocional depois da segunda separação. No seu impasse existencial, ele tenta convencer o editor a adiantar alguns royalties pelo livro que não está conseguindo escrever.

Rio, 30 de novembro de 2018 / "Meu caro, Não pense que me esqueci das minhas obrigações, muito me aflige estar em dívida com você. Fiquei de lhe entregar os originais até o fim de 2015, e lá se vão três anos. Como deve ser do seu conhecimento, passei ultimamente por diversas atribulações: separação, mudança, seguro-fiança para o novo apartamento, despesas com advogados, prostatite aguda, o diabo. Não bastassem os perrengues pessoais, ficou difícil me dedicar a devaneios literários sem ser afetado pelos acontecimentos recentes no nosso país. Já gastei o advance que você generosamente me concedeu, e ainda me falta paz de espírito para alinhavar os escritos em que tenho trabalhado sem trégua. Sei que é impróprio incomodá-lo num momento em que a crise econômica parece não ter arrefecido conforme se esperava. Estou ciente das severas condições do mercado editorial, mas se o amigo puder me adiantar mais uma parcela dos meus royalties, tratarei de me isolar por uns meses nas montanhas, a fim de o regalar com um romance que haverá de lhe dar grandes alegrias. Um forte abraço." (p. 5)

O romance é uma mistura de sátira de costumes, farsa tragicômica e crítica social, como é o caso do pastor evangélico ligado a um maestro italiano que castra meninos pobres para que se tornem cantores liricos ou a banalização da violência que faz com que a população considere normal – e até mesmo incentive – as frequentes ações policiais com mortes. O nosso protagonista presencia muitos desses eventos nas suas caminhadas pelo bairro do Leblon, enquanto tenta encontrar a inspiração ou algum dinheiro para escapar do despejo anunciado.

20 de fevereiro de 2019 / "Há manhãs em que desço as persianas para não ver a cidade, tal como outrora recusava encarar minha mãe doente. Sei que às vezes o mar acorda manchado de preto ou de um marrom espumoso, umas sombras que se alastram do pé da montanha até a praia. Sei dos meninos da favela que mergulham e se esbaldam no esgoto do canal que liga o mar à lagoa. Sei que na lagoa os peixes morrem asfixiados e seus miasmas penetram nos clubes exclusivos, nos palácios suspensos e nas narinas do prefeito. Não preciso ver para saber que pessoas se jogam de viadutos, que urubus estão à espreita, que no morro a polícia atira para matar. Apesar de tudo, assim como venero a mulher incauta que me deu à luz, estarei condenado a amar e cantar a cidade onde nasci. [...]" (p. 48)

Apesar do tom bem-humorado, o livro provoca um desconforto permanente ao nos colocar frente a frente com o fantasma da solidão, sempre assustador quando visto assim de perto. Certamente, o final que confunde mais do que explica irá provocar muita polêmica, mas não é isso que se espera de toda obra de arte? Ponto para Chico Buarque, novamente.
Rosa Santana 01/05/2020minha estante
Realmente, o desconforto nos acompanha, quase que todo o tempo: quando as cenas de violência de que é vítima ?essa gente? que é o nosso povo, o negro, o pobre, o diferente!
Parabéns pela resenha!


Alexandre Kovacs / Mundo de K 03/05/2020minha estante
Obrigado Rosa, fico feliz que tenha gostado da resenha!




Junior 13/11/2019

Chico é mestre
Neste livro, extremamente divertido, Chico trata de temas atuais do cotidiano brasileiro (sombrios, diga-se de passagem) com a sutileza e a sagacidade que lhe são marcas registradas.

O narrador principal (pois o livro também é composto de outras narrativas), um escritor experiente, autor de um best-seller no passado, mas em decadência atualmente, retrata as passagens de sua vida desde novembro do ano passado até setembro deste ano, passando por referências e críticas nos acontecimentos políticos e sociais da referida época.

A escrita é fluida e bem agradável, com um enredo envolvente, que nos faz pensar o atual momento na nossa sociedade, sem se despojar das passagens divertidas e sarcásticas.

Além do mais, é a primeira obra de Chico após o aclamado prêmio Camões. E vem justamente a confirma a acertada homenagem a este grande artista brasileiro.
Felipe1503 22/11/2019minha estante
Acabei de ler. Gostei daquele final. Não esperava esse desdobramento. Dos poucos livros dele que eu li, este foi o que mais me diverti lendo.




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