Camila1856 28/11/2023
Toda Terça nos leva a uma exploração profunda e sensível da vida cotidiano
Toda Teça (2007) é mais um livro de Carola Saavedra, que leio, pois já li Paisagem com Dromedário (2010), Com Armas Sonolentas (2018) e O Inventários das Coisas Ausentes (2014), vale ressaltar que escritora nasceu no Chile, mas desde pequena mora no Brasil e este é o romance de estreia da autora.
Sem mais delongas, vamos falar de Toda Terça, minha recém terminada leitura da autora. A grande chave do volume é que temos uma narrativa que atravessa três pontos de vistas que vai contar a história pela perspectiva desses três narradores que são: Laura, uma estudante, no Brasil; Javier, um migrante latino-americano em Frankfurt e um terceiro ponto de vista que é um verdadeiro mistério, permanecendo oculto até o último capítulo e vai esclarecer muitas pontas obscuras dos outros dois pontos de vistas.
Logo nos primeiros capítulos já vamos percebendo que vários pontos das histórias de Javier e Laura tem algo em comum, porém, não conseguimos identificar o que exatamente é. Essa sacada é genial, porque Carola Saavedra, ao passo que vai desvendando vários pedaços do enredo também consegue conservar uma vasta extensão de mistério na sombra.
Toda Terça nos leva a uma exploração profunda e sensível da vida cotidiana, das conexões humanas e da passagem do tempo. O livro desdobra a história de Laura que, como o título sugere, se encontra com seu psicólogo todas as terças-feiras, nos acaba sendo criando uma rotina que é ao mesmo tempo simples e complexa, além disso ela é uma jovem voluntariosa que não sabe muito o que quer, vive mudando de faculdade e de um romance para outro, para completar vive às custas de um amante mais velho e casado, inclusive, as sessões de terapia são pagas por esse amante.
Já o outro narrador, Javier, que vive em Frankfurt, Alemanha, também não sabe muito o que quer da vida, faz bicos como passeador de cachorros e mora com sua namorada alemã Ulrike, porém, ter uma namorada e viver com ela não o impede de dormir com as colegas de apartamento da moça e nem ter outras planos que não envolvam Ulrike.
O fato é que ambos protagonistas e narradores nem sempre são verdadeiros e boa parte da história ficamos nos perguntando o que é realidade e fantasia, para completar temos uma terceira visão que é uma verdadeira incógnita.
Sem dúvida, Carola Saavedra tece a narrativa com maestria, mergulhando nas emoções, pensamentos e reflexões dos personagens. O leitor é convidado a contemplar a intensidade desses encontros regulares, que, por sua regularidade, revelam a evolução das personagens e a natureza efêmera da vida.
A autora constrói uma atmosfera envolvente e introspectiva, explorando temas como amor, solidão, expectativas e a busca de significado na rotina. Toda Terça é um livro que convida à reflexão sobre a complexidade das relações humanas e as pequenas alegrias e desafios do dia a dia.
Para concluir só poderia elencar minhas indicações, sobretudo para aqueles que apreciam narrativas literárias que exploram a profundidade psicológica dos personagens e a essência dos mesmos sendo falsos ou verdadeiros.
Toda Terça é uma leitura cativante que deixa uma impressão duradoura. Carola Saavedra demonstra sua habilidade em criar uma história poética e impactante que ressoa no leitor trazendo reflexões sobre o que está sendo narrada e sobre sua própria vida.
Espero que tenham gostado, até a próxima postagem!
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