Marco Antonio da Silva Filho 11/02/2024
Admirável... mundo novo...
O livro foi escrito em 1931, mas, se me dissessem que ele era mais recente, eu acreditaria... um pouco difícil de escrever sobre esse livro, mas posso dizer que o autor foi simplesmente genial. Não quero dar spoilers aqui, mas, sim, destacar alguns aspectos desse clássico.
O autor nos leva a imaginar uma sociedade futura em que a "felicidade" (eu chamaria de bem-estar) está acima de tudo. E qualquer coisa ou indivíduo que ouse perturbar essa estabilidade deve ser rapidamente contido. Pessoas não sentem necessidade do que não têm, pois não desejam nada que não possam obter. E em todo esse processo deixam de ser, realmente, humanos.
Não há lugar para dor ou sentimentos incômodos, pois tudo isso se resolve com um comprimido de "soma". Essa "felicidade", porém, custa caro. Não há lugar para nobreza ou heróismo. Não há espaço para a solitude ou meditação, nem mesmo para o próprio pensamento. Livre-arbítrio? Dê adeus a essa ideia. Deus? Não se precisa mais dele. O que importa é que todos estão "felizes" até a morte.
Não vou entrar em mais detalhes... quero apontar apenas alguns pontos. O autor consegue, em alguns momentos, descrever duas ou três cenas simultâneas com sucesso (achei isso bem legal). O modo como ele consegue encaixar Shakespeare em diversos contextos também é admirável. Fiquei até com vontade de ler Shakespeare ?
É uma leitura que exercita muito a nossa imaginação. É um convite a imaginar um mundo bem diferente, mas com muitas reflexões sobre o nosso próprio mundo.