Resistir, resistir, problema não só da arte mas ainda da filosofia, tarefa filosófica fundamental, função do conceito na era da comunicação e da cultura mediática, e que Deleuze enuncia como tarefa de uma crença ou de uma fé a restabelecer pelo pensamento. «Necessitamos de uma ética ou de uma fé, o que faz rir os idiotas; não é uma necessidade de acreditar noutra coisa, mas uma necessidade de acreditar neste mundo, de que os idiotas fazem parte». «É possível que acreditar neste mundo, nesta vida, se tenha tornado a nossa tarefa mais difícil, ou a tarefa de um modo de existência a descobrir sobre o nosso plano de imanência hoje». E não admira que esse problema se apresente como o do pensamento e da arte, ou que sejam artistas e filósofos que mais profundamente o sintam e ponham. É que, diz Deleuze, longe de constituir uma finalidade em si mesmo o acto criador representa sempre uma tentativa de libertar a vida do que a prende, um esforço para fazer passar uma corrente de vida, para afirmar a vida como força supra-pessoal. Haverá assim um estreito laço entre criação e vida, um vitalismo intrínseco de toda a criação tanto filosófica como estética.
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