A abordagem de cultura de paz apresentada neste livro de respeito pela diversidade manifestada na nossa existência, de reconhecimento das possibilidades de harmonia entre diferentes seres, diferentes circunstâncias, e diferentes compreensões da realidade utiliza o método de argumentação, compreensão e lucidez, que constitui a primeira parte de um conjunto mais amplo de ensinamentos. Na linguagem budista diz-se que esses ensinamentos descortinam a visão de mundo chamada de Mandala do Prajnaparamita (ou Mandala da Perfeição da Sabedoria).
Lama Padma Samten nos conduz pela trajetória de compreensão desta mandala: quando nos construímos, construímos a realidade e quando construímos a realidade, construímos a nós mesmos. Ao construirmos mundos favoráveis, terras puras e manifestações de sabedoria, nossa ação positiva se torna natural, livre, desobstruída, compassiva e amorosa, livre de artificialidades. Porém, como ele mesmo afirma, não basta saber que isso é possível. O desafio é desenvolver essa compreensão, manter essa visão, e viver dessa forma, com plena consciência a respeito da complexidade de relações entre as nossas intenções, ações, responsabilidades e impactos gerados no mundo e em nós mesmos.
Esta é a trajetória aqui descrita com suavidade e maestria: transformar a visão, meditar, e agir no mundo. Nenhuma delas isoladamente é suficiente para concretizar uma cultura de paz. Mas, quando praticadas de forma integrada, com foco no benefício de todos os seres, nos permitem deixar de viver de forma estreita, guiados por visões estreitas.
SOBRE O AUTOR
Lama Padma Samten Foi ordenado na linhagem Nyingma do budismo tibetano por Chagdud Tulku Rinpoche em 1996. Físico com bacharelado e mestrado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, onde foi professor por 25 anos. Dedicou-se especialmente ao exame dos fundamentos epistemológicos e cognitivos da teoria quântica, nos quais encontrou afinidade com o pensamento budista.
Em 1986, fundou o Centro de Estudos Budistas (atual Instituto Caminho do Meio), entidade dedicada a promover o estudo e o intercâmbio entre as culturas budistas e não-budistas. Tem dedicado seu tempo e energia não só a ensinar o budismo, mas também a trabalhar pela paz mundial e pelo diálogo inter-religioso e intercultural.