O dia 21 de agosto de 1994 mudaria para sempre a vida de Mara Gabrilli. Uma estrada sinuosa, um carro em alta velocidade, uma curva malfeita... Depois de um fi m de semana em Paraty ao lado do namorado e do melhor amigo, Mara acordaria no hospital e, aos 26 anos, descobriria que uma fratura nas vértebras C4 e C5 tirara os movimentos de seu corpo do pescoço para baixo. Terminava ali a vida da garota sem limites, que não tinha medo de nada e adorava aventuras. Em seu lugar, nascia uma mulher que precisou lutar, primeiro, para respirar. Quando conseguiu fazê-lo sozinha, sem a ajuda de aparelhos, “tudo ficou fácil”. Foram meses de superação e hospitais. Primeiro em São Paulo, depois nos EUA. Tempo em que a família deixou tudo de lado para buscar o melhor tratamento possível. Foi em um centro de reabilitação norte-americano que Mara aprendeu a lidar com aquela que seria sua companheira para o resto da vida: a cadeira de rodas. Desde o acidente, Mara é acompanhada 24 horas e auxiliada em todas as atividades do dia a dia. Mesmo assim, a paralisia nunca foi um obstáculo. Nesses quase vinte anos, foi mais longe do que muitas pessoas com o domínio de todas as faculdades, e decidiu ajudar aqueles que, como ela, têm alguma limitação, mas que, como ela, se recusam a aceitar as limitações impostas pela falta de acessibilidade das cidades e pelo preconceito. Depois daquele dia é um convite para mergulhar na vida e na alma dessa mulher, que, por sua natureza, não é capaz de ficar sem se mexer.