Howard Fast, autor de obra vasta e politicamente respeitado pelos romances que fez sobre os anarquistas Nicola Sacco (1891-1927) e Bartolomeo Vanzetti (1888-1927) e, especialmente, das sagas do gladiador Spartacus (que foi filmado em 1960, por Stanley Kubrick) decidiu escrever um romance sobre Hollywood. E o resultado é "Max" publicado na década de 80 pela Ed. Record. Através de seu personagem fictício, Max Britsky, órfão aos 12 anos, e que subitamente se viu obrigado a garantir a sobrevivência de sua família, vivendo na Henry Street, na zona mais pobre de Nova Iorque do final do século XIX - Howard Fast conta a estória de um clássico exemplo de self made man. Junto com a estória de Max Britsky, que aos 16 anos já percebeu as possibilidades comerciais do cinema como indústria de lazer, Howard Fast narra também a própria história do cinema. Embora com nomes fictícios, toda a trama desenvolvida em "Max" é formada da argamassa das mitológicas figuras que povoaram a imaginação de todos que se fascinam pela sétima arte. Para um autor que no passado foi tido como esquerdista, "Max" pode parecer um ufanismo ao regime capitalista. Da miséria em que vive na sua infância - sendo obrigado a roubar para garantir comida a sua mãe, Frida e aos irmãos - agindo como um trombadinha na Nova Iorque da virada do século - até chegar a ter um dos maiores estúdios de cinema dos EUA e dominar uma imensa rede de exibição, a trajetória de Max Brisky parece um canto à livre iniciativa, a liberdade que permite aos mais inteligentes e trabalhadores se tornarem poderosos - independentes de origens humildes. Entretanto, observando-se melhor a narrativa de Fast, vemos também uma sutil crítica ao american way of life, a luta pelo sucesso - e o descanso final do homem que tanto lutou para fazer seu império e que morre, sozinho e frustrado, aos 58 anos, "sentado na última fila do cinema Bijou, na West Broadway, na cidade de Nova York" - por coincidência, no mesmo endereço onde havia iniciado sua empresa. A coleção de datas e descrições de personagens faz com que "Max" pareça, a exemplo de "O Refúgio dos Deuses" de Garson Kanin, que é um romance-reportagem. E, considerando que os personagens, por certo foram calcados naqueles que realmente fizeram a Hollywood mágica dos anos 30, "Max" tem esta empatia. ["Max", um romance da Hollywood sem glamour -- Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 30 de dezembro de 1984] |...| “[A]n enthralling novel . . . told with plausibility, color, and characterization that makes you feel you were there.” —James Bamford, author of The Puzzle Palace