Nietzsche via em Memórias do subsolo a voz do sangue, enquanto para André Gide tratava-se do ponto culminante da carreira de Dostoiévski. George Steiner, por seu turno, qualificou-o de o mais dostoievskiano dos livros e como a suma da obra do escritor. Ao escrevê-las, em 1864, Fiódor Dostoiévski abria a fase de sua produção que o consagraria como o autor russo mais conhecido fora de seu país, e um dos mais influentes do século XIX.
O vigor de Memórias do subsolo ecoaria não apenas nos grandes romances subsequentes do autor, como Crime e castigo e Os irmãos Karamázov, mas também anteciparia os abismos e paradoxos da melhor literatura da modernidade, de Kafka a Beckett. Mergulho vertiginoso nas profundezas da alma, em que tiradas filosóficas e intrincados mecanismos mentais convivem com uma verve sarcástica e corrosiva, este monólogo de uma consciência atormentada por sua própria agudeza segue hoje provido de força e pertinência.
Literatura Estrangeira