1. Publicado em 1924, acompanha a vida de João Miramar, uma espécie de caricatura do homem paulistano abastado. É composto por 163 fragmentos, escritos em diversos formatos: cartas, poemas, citações, diálogos, fórmulas-padrão (convites, anúncios), impressões, relatos de viagem, cartões-postais. A sequência dos fatos não é direta como na prosa tradicional, à qual o livro se contrapõe, mas subliminar, trespassando os diversos fragmentos, mesmo os que não se referem diretamente à história pessoal do protagonista. 2. Serafim Ponte Grande (1933) é o protagonista, o único cidadão livre de uma São Paulo da segunda metade dos anos 20 - recém-saída da guerra civil - porque tinha um canhão no quintal. O pano de fundo da história é a Revolução de 1924, muito ironizada. Serafim é funcionário público do tipo nada exemplar. "Nosso herói tende ao anarquismo enrugado", revela o autor. Trabalha no órgão federal responsável pelo saneamento, a que se refere como "escarradeira". Casado, com filhos, diz que a mulher foi "tomada por engano de sensualismo num sofá da adolescência". A cidade está conflagrada, a ordem ameaçada. Nesse ambiente, propício a toda sorte de transgressões, é que Serafim rouba o dinheiro dos revolucionários e foge para a Europa em um transatlântico.
Ficção / Literatura Brasileira