Em "Meus queridos estranhos", Livia Garcia-Roza demonstra uma profunda percepção do viver e se expressa através de uma linguagem poética. Neste romance, uma mulher narra com fina ironia as agruras do seu cotidiano, no qual os seus entes queridos - a filha adolescente, o cão e um novo marido - assemelham-se muitas vezes a verdadeiros estranhos. A narradora, em tempos cambiantes, nos faz compartilhar de seus dramas e suas alegrias, suas angústias e afetos, conduzindo-nos por um caminho de uma sensibilidade exuberante e problemática.
A história é estranha também para a autora, que não tinha nenhuma idéia pronta quando começou a escrever e se surpreendeu com o resultado final. "O livro relata o mundinho de uma mulher específica mas, depois que terminei de escrever, percebi que é o mesmo mundo de várias mulheres." O que nos faz acompanhar o relato com um inevitável sorriso nos lábios, como quem compartilha um segredo. Afinal, o estranhamento que a narradora vive em relação aos seus familiares é o mesmo que está presente no cotidiano de todos nós - homens e mulheres. O estranhamento dos que estão mais próximos e não dos desconhecidos. Um sentimento que incomoda, pois "estamos sempre nos dizendo deste estranhamento sem dizer para o outro", comenta Livia.
Ficção / Literatura Brasileira / Romance