A entrada do Brasil na era industrial moderna provocou grandes e rápidas mudanças na visa cotidiana, nos hábitos e comportamentos sociais nos grandes centros urbanos, onde as mulheres ingressavam em escolas e profissões antes impensáveis. Susan Besse focaliza a história da luta de gênero, destacando o papel das grandes lideranças do movimento feminista da época, pela ousadia de questionar valores herdados da velha ordem patriarcal e pela conquista de direitos políticos e sociais que mudaram, significativamente, as relações entre homens e mulheres no âmbito da família, do trabalho, da educação e da cultura. Essa conquista enfrentou árdua oposição de vários setores e segmentos sociais que se viam ameaçados, requerendo a intervenção do Estado para a acomodação de conflitos e interesses de classe. Conforme mostra a autora, a conquista de direitos, para a qual o movimento feminista muito contribuiu, não garantiu uma verdadeira igualdade de gêneros, mas apenas modernizou as desigualdades. As mulheres operárias não tiveram oportunidades de educação e trabalho como as das classes superiores e continuaram economicamente dependentes. Na medida em que não ameaçavam a posição dos maridos, de cabeça do casal, acabaram reforçando o modelo de família baseado na denominação masculina.