Tese de Mestrado de Ana Rita Martins - A presente dissertação faz uma análise aprofundada do desenvolvimento da figura de Morgan le Fay nas narrativas arturianas desde a Idade Média até aos tempos modernos.
Partindo de uma reflexão sobre os Celtas e a sua cultura, defende-se que a origem de Morgan le Fay poderá remontar às deusas célticas. Contudo, esta personagem é somente mencionada, em 1150, na obra Vita Merlini, de Geoffrey of Monmouth, sob o nome Morgen, uma figura sobrenatural com características benéficas. Este estudo visa, portanto, explicar as razões pelas quais Morgan le Fay, descrita inicialmente em termos positivos, se transformou numa das maiores vilãs dos mitos arturianos.
Com esse propósito, serão analisadas as principais obras literárias medievais que colaboraram na formação da identidade de Morgan. São elas: Sir Gawain and the Green Knight, de autor anónimo, e Le Morte D’Arthur de Sir Thomas Malory. Além disso, ter-se-á em consideração vários aspectos de ordem sócio-cultural. Entre eles, contam-se: o surgimento da religião cristã, a cortesia, a forma como a magia era encarada e o papel da mulher na sociedade medieval.
Após o século XV, pouco ou quase nada se dirá sobre Morgan le Fay. Apenas no século XIX, a sua figura voltará a inspirar inúmeros artistas que ressuscitarão, sobretudo, as suas características mais negativas. De modo a compreender as razões de tal opção, partiu-se do advento do Romantismo para discorrer sobre a importância do Revivalismo Céltico e a grande influência de Thomas Malory na literatura vitoriana e na arte Pré-Rafaelita.
Os séculos XX e XXI foram herdeiros desta mesma identidade, como é possível verificar através do filme Excalibur de John Boorman ou a colecção Camelot 3000 de Mike Barr e Brian Bolland. Contudo, os dias de hoje também testemunharam o renascer das características positivas de Morgan, tendo sido The Mists of Avalon, de Marion Zimmer Bradley, a principal obra difusora das virtudes ligadas ao passado ancestral da personagem.
História / História Geral