Os bens patrimoniais e os museus foram, desde os seus primórdios, espaços de identidades moldadas na figura masculina, na heterossexualidade, na branquitude, na propriedade e na colonialidade. Palcos da norma buscaram – e ainda buscam – o apagamento das diferenças, por vezes encenadas em uma diversidade redutora.
Assim, os corpos, os saberes, os lugares e as expressões LGBT têm sido sistematicamente excluídos das políticas patrimoniais e dos museus institucionalizados. Esse mecanismo de negação dos direitos culturais dessa população é revelador de um sistema hetero-cis-normativo, que busca apagar as histórias e as memórias associadas às sexualidades desobedientes.
Construídas entre afetos e resistências, as memórias transviadas ressurgem em iniciativas reveladoras da força e das redes de pessoas travestis, transexuais, lésbicas, bissexuais e gays.
Essa cartografia, portanto, revela um movimento de resistência múltiplo e diverso, com o levantamento de mais de uma centena de iniciativas que positivam as memórias LGBT ao redor do mundo. Cabe apontar que, como indica o autor, “essa cartografia não se refere exclusivamente a territórios e a lugares, mas sim às relações e aos processos de liberdade e resistência de memórias exiladas de sexualidades desobedientes”. Trata-se de uma cartografia social, perpassada por subjetividades, aberta e rizomática.
Pesquisadorxs do campo da memória, do patrimônio e dos museus encontrarão aqui um exemplo de estudo antropológico e etnográfico.