Todos os anos cerca de 2 milhões de meninas africanas sofrem graves mutilações em seus órgãos genitais. A chamada ''circuncisão feminina'', ou excisão, tem respaldo cultural e aquiescência social há milênios em países africanos e árabes, e, apesar de intensas campanhas internacionais contra sua prática, vem se espalhando pela Europa e América, devido aos movimentos migratórios.
Mutilada, de Khady Koita, é o relato de uma mulher senegalesa que passou pelo doloroso processo aos 7 anos de idade e de seu crescimento pessoal, que a levou à presidência da Euronet/FGM, a rede europeia de prevenção das mutilações genitais femininas.
Escrito na primeira pessoa, Mutilada mostra o crescimento de uma mulher que rompeu corajosamente com o modelo das africanas. Aos 16 anos, por determinação da família, ela casou-se com um primo que trabalhava na França. O choque de personalidades acabou levando ao divórcio, embora o marido preferisse que ela dividisse a casa com uma segunda mulher, dentro da tradição poligâmica. Incansável, Khady estudou, teve diversas atividades profissionais e sustentou os quatro filhos sozinha, até começar a militar pela conscientização de homens e mulheres quanto aos riscos da excisão, rompendo o silêncio sobre o tema.
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