Memórias de uma infância marcada por abuso e silêncio.
A frase que dá título ao livro de Toni Maguire, Não conte para a mamãe, poderia ser um pacto ingênuo entre dois irmãos ou uma brincadeira entre crianças. Infelizmente, não é o caso. Na verdade, é a ameaça sofrida pela autora durante os quase dez anos em que foi violentada pelo próprio pai.
O livro, passado nos anos 50, é o relato sincero e estarrecedor de uma menina que além do assédio, sofreu com a omissão materna. A mãe, por mais que Toni fosse pequena para perceber, sempre deu sinais de plena consciência da realidade. Talvez o medo de perder o charmoso marido tenha resultado nesta atitude. Por exemplo: ela sempre arrumava a filha para que fosse a mais bonita de todas. Após o início do assédio, começou a se irritar sempre que a menina colocava uma roupa limpa ou simplesmente penteasse o cabelo. Ou quando tirou qualquer tipo de luz do quarto de Toni dizendo que ela deveria dormir cedo e não ficar lendo - sua grande paixão.
Para piorar, devido ao enorme número de mudanças de cidade que a família realizou, Toni nunca teve uma amiga de verdade. Seus parceiros mais próximos foram duas cachorrinhas.
Não conte para a mamãe é o relato assustador e, ao mesmo tempo, tocante da pequena Toni Maguire, negligenciada e traída por aqueles em quem mais deveria poder confiar. Um livro de difícil leitura, mas fundamental nos dias de hoje.
Violentada constantemente pelo pai, chegando a engravidar, Toni resvalou a completa destruição. Sua recuperação e seu reconhecimento como escritora servem de exemplo para crianças e jovens vítimas, todos os dias, de abusos sexuais, mostrando-lhes que é preciso lutar contra essa condição e que é possível vencer a luta.
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