Poeta aclamado e um dos mais importantes intelectuais portugueses do século XX, Jorge de Sena ganha esta alentada antologia poética no ano de celebração de seu centenário de nascimento. Autor de uma obra vastíssima, incluindo ainda ficção, teatro e ensaios, Jorge de Sena teve na poesia seu campo de experimentação, provocação e renovação.
“Sena promove, na sinuosidade erógena dos versos, a fertilização de uma linguagem sempre à beira do desgaste e sempre pronta a incessante renovação”, aponta Gilda Santos, professora de literatura portuguesa da UFRJ e organizadora da antologia. A edição reúne, além de 100 poemas do autor, uma série de notas explicativas e imagens que fazem parte do rico universo de Jorge de Sena.
Um ensaio do filósofo, crítico e ensaísta português Eduardo Lourenço oferece uma análise aprofundada de sua produção poética. Para Lourenço, que destaca o papel fundamental de Jorge de Sena como um dos primeiros e mais lúcidos comentadores e críticos do Modernismo em geral, há na obra do poeta uma “desconfiança em relação ao poético enquanto lírico, canto por demais encantador e, por isso mesmo esquecido de sua função, tão mais necessária, de arma contra a mentira da imagem aceitável e aceita da condição humana.”
Essa suspeita em relação à própria poesia é possivelmente o traço mais original da obra de Jorge de Sena, e toma proporções cada vez maiores à medida que sua aventura pessoal se torna mais complexa e mais dolorosa, confrontada não somente com o mundo confinado de Portugal em um regime ditatorial, assim como com os vastos horizontes de sua errância voluntária pelo Brasil e pelos Estados Unidos.
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