Há memórias da infância que ainda hoje estão bem presentes, especialmente os traumas que nos marcam e que de um ou de outro modo nos moldaram o caracter. Destaco uma singela recordação - o conto da lebre e da tartaruga - que é dotado duma sabedoria intrínseca que Francisco não soube utilizar ao longo da sua vida atribulada.
Talvez não lhe tenham explicado o teor da mensagem, talvez o tenham feito e ele o tenha ignorado, ou, assim suspeito, talvez ele tenha escolhido esquecê-lo e decidido viver remando contra a maré, desnorteado, dominado por uma confiança cega, acreditando poder vencer tudo até bater no fundo espinhoso.
E tudo se paga nesta vida, por vezes, quando menos esperamos. Tal como aconteceu à família Bacelar, quando regressava a Bruxelas depois de um fim de semana reservado para visitar uma das universidades eleitas pela Rute para continuar os estudos, terminando por ser confrontada com o dia do “juízo final”.
Quando faltam cinco quilómetros para atravessarem a fronteira, uma brigada de trânsito holandesa obriga-os a encostar à berma para efetuar um controlo que se revela não ser rotineiro, pois a inspeção documental demora uma eternidade...
Francisco não quer acreditar, Margarida...
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