O desenvolvimento do capitalismo na América Latina tem como marca principal a sua dependência com relação às potências imperialistas, principalmente os EUA. Na segunda metade do século XX, as burguesias internas de diferentes países desta região – coligadas com a burguesia internacional – juntamente com setores das Forças Armadas impuseram ditaduras à suas populações. Seu principal objetivo era garantir as taxas de lucro dos capitalistas e a dependência política e econômica com relação à principal potência mundial.
Nos anos 1980, a experiência da dituradura no Chile foi o laborátorio de aplicação do neoliberalismo, nova forma de hegemonia do capital, na região. Em fins dos anos 1990, esse modelo que penaliza a população retirando os poucos direitos que possuía e que garante altos ganhos à burguesia começa a ser posto em xeque. Desse questionamento é que vão surgir os governos progressistas na América Latina, entre outros Venezuela, Bolívia, Brasil, Argentina, Equador e Nicarágua. Entretanto, o neoliberalismo ainda tem lugar no continente como, por exemplo, Colômbia e México.
A forma pela qual esses governos chegaram ao poder em boa medida dita os rumos que cada um deles tomou. Na Venezuela e na Bolívia, com forte presença das massas em grandes mobilizações, surgiu a proposta com viés socialista, expresso no projeto da Alternativa Bolivariana das Américas (Alba); no Brasil e na Argentina, onde se privilegiou a luta institucional, teve lugar uma política de conciliação de classe, o neodesenvolvimentismo. Devido à crise internacional do capital, que explodiu em 2008, esses diferentes projetos
para a região também entraram em crise.
Este é o tema central de Neoliberalismo, neodesenvolvimentismo, socialismo. Nele, Claudio Katz estabelece uma relação entre as correntes teóricas, os interesses em jogo e as forças sociais que fundamentam cada um destes projetos. Essa obra sistematiza, de forma didática, o debate sobre as últimas décadas da América Latina e contribui para a formação da militância social numa perspectiva de projeto de sociedade que vá para além das relações sociais capitalistas.
Claudio Katz é economista e doutor em geografia, pesquisador do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (Conicet) da Argentina e professor de Economia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Sociais da Universidade de Buenos Aires. Participa ativamente de fóruns internacionais contra o neoliberalismo, o livre-comércio, a dívida externa e a militarização.
Economia, Finanças / Política