Novelas nada exemplares, datado de 1959, é considerado como o verdadeiro marco inicial da trajetória de contista de Dalton Trevisan. Trata-se de um livro enigmático, assim como o autor. Nada neste livro é comum, apesar de falar, muitas vezes, de situações do cotidiano. Nada no contar de Dalton Trevisan é comum.
Ganhador do Prêmio Jabuti, o livro (que remete ao título de Novelas exemplares, de Miguel Cervantes), reúne uma produção de duas décadas do autor e chamou a atenção de críticos e escritores como Otto Maria Carpeaux e Carlos Heitor Cony.
Este último, aliás, destaca a grande estreia de Dalton na literatura: "Novelas nada exemplares são, se não estou enganado, suas primeiras experiências no gênero que o tornaria famoso e respeitado. Alguns de seus melhores momentos estão aqui, neste livro -- e permito-me citar A velha querida e João Nicolau como duas de suas obras-primas. São duas experiências quase antagônicas".
Seja contando um simples fato, uma história curta como uma ida ao bordel, ou tratando da trajetória de vida de um homem, do berço ao túmulo, Dalton Trevisan demonstra a mesma firmeza em eliminar os ângulos mortos da narrativa, deixando somente aquilo que considera essencial. Suicidas silenciosos, prostitutas e impotentes distribuem-se por histórias em que o excesso e a imprecisão dão lugar ao ângulo exato e a narrativa justa.
Contos / Ficção / Literatura Brasileira