A vida e o "roteiro" que, por vezes, tentamos dar a ela são peças que geralmente não se encaixam. Antes de descobrimos esse "detalhe", todavia, anos de nossa existência são perdidos, verdadeiramente dizimados, enquanto buscamos, em vão, ajustar o inajustável.
Somente depois de muitas perdas, frustrações e sofrimento, percebemos que o "roteiro" que escrevemos para nós − de maneira bela, simples e linear − fatalmente será atravessado por um outro elemento, o mais poderoso de todos: o "acaso". Este, impiedoso e arteiro, às vezes traz pioras ao enredo planejado. É verdade. Mas, em muitas outras, pode trazer grandes e preciosas melhoras. Basta que consigamos deixá-lo atuar longe de todos os cenários e desaguar com sua força própria, sem tentar conter as águas. Nelas devemos apenas flutuar, sem predeterminar as falas, os gestos, os conteúdos e formas. E é justamente sobre esse atravessar do "acaso" nos "roteiros" de tantas vidas, de tantos rios, de tantas caminhos − de ida e de volta − que trata essa história.
Marisa é uma atriz que, longe de seus dias de glória, chegando aos quarenta anos, lamenta ter perdido a exuberância de seu espírito, embora ainda a ostente nas formas. Heitor é seu marido, grande roteirista, poeta na vida e nas obras. Juntos, tentando resgatar o brilho apagado por uma grande fatalidade ocorrida em suas vidas, viajam para Olinda, pitoresca cidade de Pernambuco. Lá, realizando um documentário que terá a bela e jovem Maria Cecília como protagonista, tentarão, eles próprios, começarem uma nova história. E será nessa odisseia compartilhada pelos três que todos aprenderão algumas lições, das mais cruéis às mais nobres.
Drama / LGBT / GLS / Literatura Brasileira / Romance