Os romanos, presos entre uma tradição austera de moral familiar e o prazer de viver – tão italiano – sempre desconfiaram do amor. Durante muito tempo a mulher foi a ‘mãe’, todo-poderosa dentro do lar, mas sem nenhuma vida social. Os jovens amavam fora de casa mulheres ‘livres’ que não podiam aspirar à dignidade de matronas. Casamentos eram negócios sérios, alianças entre famílias. No entanto, a aspiração por mais liberdade aos poucos vai-se instalando. Mesmo as mulheres da alta sociedade querem ser amadas. Os poetas elegíacos elaboram uma verdadeira mística da mulher amada e as grandes damas, ao redor de Augusto e de Lívia, participam ativamente da vida política, alimentando complôs, lutando entre si por ambição. E a famosa corrupção dos costumes atribuída a Roma? Exatamente como em outras épocas, nem mais nem menos. Os indivíduos seguiram seu destino segundo seus corações. As descrições de extrema liberdade de costumes que os satíricos nos deixaram provam apenas que eles se indignavam com aquilo. Os romanos amaram com ternura, às vezes com violência, e quando cantaram suas paixões souberam encontrar o tom capaz de nos comover ainda hoje.