Se Deus Não existisse, seria preciso inventá-lo. Essa frase de impacto é do próprio Voltaire. Não que ele fosse um praticante da religião ou um católico fervoroso. Mas era um teísta. Acreditava na necessidade da existência de Deus. Embora fosse um crítico feroz da Igreja católica, particularmente com relação a seu poderio, a sua ingerência nos negócios de Estado, aos desmandos das autoridades eclesiásticas e a prepotência dos jesuítas que se consideravam os donos da verdade cristã, Voltaire não consegue imaginar um mundo sem Deus. Por essa razão considerava o ateísmo - muito em moda na época - como uma doutrina equivocada, pelo menos sob o ponto de vista filosófico. Além disso, era perigoso para a sociedade. Com receio de ser classificado como beato e carola pela intelectualidade de seu tempo, Voltaire elabora o conto A Ateu e o Sábio, conto em que desenvolve suas idéias sobre a existência de Deus e sobre o homem que, em sã consciência, não pode ser ou considerar-se ateu. Baseado na firme convicção de que Deus existe, apresenta as provas de sua existência, de sua necessidade, moral e social, da crença num ser supremo que premia o bem e castiga o mal, ou um Deus remunerador e vingador.
Filosofia