Organizado por António Costa Pinto e Francisco Carlos Palomanes Martinho, o livro O CORPORATIVISMO EM PORTUGUÊS é o resultado de um seminário organizado em Lisboa na sede do ICS-UL (Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa). Ao reunir especialistas nos modelos corporativos do Brasil e de Portugal, tratou de fazer uma comparação entre os regimes de Getúlio Vargas e o de Oliveira Salazar em diversos de seus aspectos: institucional, sindical, do papel dos intelectuais, da sociedade civil, dos aparelhos de repressão, da Igreja e dos integralistas. Contou o seminário também com a participação de Didier Musiedlak, da Universidade de Paris, especialista na Itália mussoliniana. Coube a Musiedlak o esforço de apresentar uma síntese dos debates travados. Contemporâneos da mesma década de 1930 quando parecia que o liberalismo havia abandonado a cena política na Europa e na América do Sul, os Autoritarismos corporativos português e brasileiro tiveram também o mesmo nome: Estado Novo. Claro está que o “estadonovismo” brasileiro teve a curta durabilidade de oito anos. Pouco se compararmos com os dezenove anos em que Getúlio Vargas esteve à frente do executivo brasileiro (1930-1945 e 1951-1954) e muito mais curto ainda em relação às quatro décadas de consulados de António Oliveira Salazar (1933-1968) e Marcello Caetano (1968-1974). Mas a coincidência merece menção e a comparação também. Ao contrário da intuição comum o método comparativo é tão produtivo a apresentar semelhanças como diferenças. Ainda mais pelo fato de que, nomenclaturas à parte, ambos os regimes praticamente estiveram à margem das análises a respeito dos demais autoritarismos contemporâneos ocorridos em ambos os continentes e mais afastados ainda de eventuais análises comparativas a respeito deles próprios. O resultado apresentado em livro é um esforço no sentido de não fazer um óbvio levantamento das similitudes. Seria por demais empobrecedor. Como disse Marc Bloch, as comparações servem muito mais para que façamos um inventário das diferenças. O CORPORATIVISMO EM PORTUGUÊS representa um primeiro desafio que não deve permanecer isolado e único.