As prateleiras de um supermercado - estágio final de nossa cadeia alimentar - são o ponto de partida escolhido pelo escritor e jornalista americano Michael Pollan para a viagem de investigação empreendida em O dilema do onívoro . O leitor é convidado a perfazer o caminho inverso - reconstituindo o trajeto dos alimentos, desde o prato à nossa mesa até a sua origem derradeira - o solo. Quanto mais longo e intrincado é o percurso que liga as duas pontas dessa cadeia altamente industrializada, argumenta o autor, mais ignorantes nós nos tornamos a respeito do que, em última análise, estamos comendo. Afinal, que mistérios estão por trás de um simples item de um cardápio de fast-food, como, por exemplo, um McNugget? Para responder a essa e outras perguntas, Pollan armou-se da obstinação e do espírito meticuloso que caracterizam os grandes repórteres investigativos. O jornalista leva o leitor a explorar, não apenas intelectualmente, mas sensorialmente, todas as implicações - éticas e ecológicas, econômicas e políticas - relacionadas ao ato de se produzir e consumir um alimento. O resultado da investigação - um misto de reportagem, ensaio e depoimento pessoal - surpreenderá os leitores ao revelar que a aparente variedade dos modernos supermercados esconde uma alarmante uniformidade imposta pela superprodução industrial. Para chegar a um diagnóstico sobre o que considera a atual desordem alimentar, Michael Pollan investiga três mundos diferentes - o do cultivo e produção de alimentos em escala industrial, o do florescente negócio da agricultura orgânica - com o que tem de promissor e de enganoso - e aquele ligado à caça e à coleta. Neste último, ensaia uma volta, em pleno século XXI, à atividade primeira do Homo sapiens, o onívoro por natureza que todos nós somos.
Não-ficção