Christophe Guilly amplia sua reflexão para um escopo internacional: Brexit, as eleições de Trump e Bolsonaro e a ascensão do Vox na Espanha refletem o caráter global do do desprezo da mídia pelas classes populares. Há alguns anos, o geógrafo Christophe Guilly cunhou o conceito de ”França periférica“ e enfatizou o perigo do desprezo da mídia pelas classes populares e a importância de prestar atenção a seu descontentamento. Com O fim da classe média, ele amplia sua reflexão para um escopo internacional: Brexit, as eleições de Trump e Bolsonaro e a ascensão do Vox na Espanha refletem o caráter global do fenômeno. Crises de representação política, atomização de movimentos sociais e gentrificação das cidades são alguns dos sinais de esgotamento de um modelo que não constrói mais sociedades. Guilluy sustenta que, ao ser confrontadas com a deserção da burguesia, tensões e paranoias identitárias, as classes populares resistem, tentando preservar seu capital social e cultural. Todavia, sem poder econômico ou representação política, exercem pressão sobre o grupo que o autor denomina ”mundo de cima“, que, na defensiva, entra em declínio geográfico e cultural. Com O fim da classe média, o leitor compreenderá que a onda populista que atravessa o mundo ocidental, das urnas às ruas, é apenas a parte visível de um soft power exercido pelas classes populares que pretendem forçar o mundo de cima a se unir ao movimento real da sociedade, sob pena de desaparecer.
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