Este livreto reúne três palestras de teor histórico e filosófico sobre o indivíduo ocidental e seu mundo; mais especificamente, abordam panoramicamente o imaginário e mentalidade dos homens do período clássico e do medievo, assim como dos homens modernos e do que talvez sejam os homens do futuro. Essas reflexões de um dos pensadores cristãos mais eruditos e influentes em toda a intelectualidade alemã do século XX constituem, segundo as palavras de certo editor, “o livro mais sombrio publicado na Alemanha desde o fim do Terceiro Reich”. Hiperbólica ou não, a frase, no entanto, ressalta a importância não só intelectual, mas também existencial desta pequena obra, que conjuga rigor acadêmico com a sabedoria e clarividência agudas próprias dos indivíduos revestidos pela irradiação profética.
Guardini intenta dar-nos, em especial, um esboço do caráter e promessa de um novo homem, o Homem das Massas, e um novo mundo, o mundo do coletivismo tecnológico, cuja ascensão o autor testemunhou e portanto concebeu como o fim da era moderna. Essas Massas, destituídas de continuidade histórica para com o homem ocidental dos períodos clássico, medieval e modernos, e alienadas dos conceitos de natureza, personalidade e cultura que dominaram na modernidade desde os tempos do Renascimento, encontram-se no hiato entre a possibilidade de destruição total e a oportunidade para o mais sincero engajamento espiritual. Mais que simples derrotismo, a visão de Guardini revela essa bifurcação existencial que exige nossa decisão e que possibilita, pois, a esperança.
Desse modo, este livro recusa-se abertamente a submeter-se tanto à posição progressista quanto à posição reacionária, e busca, com coragem, defrontar-se com a realidade do homem “pós-moderno” e seu mundo.
Filosofia / História Geral / Religião e Espiritualidade