Redlaw era um homem velho e amargurado que vivia numa velha casa triste e solitária. Professor de química, de renome, dava a impressão, no entanto, de que nada o satisfazia. E as pessoas diziam coisas a seu respeito; entre outras, que andava um espectro a persegui-lo. Nunca ninguém vira esse espectro, mas todos concordavam que Redlaw não possuía a felicidade. Só o próprio Redlaw conhecia, contudo, as razões do sofrimento: na juventude, a noiva fugira-lhe com o seu maior amigo, o qual, por sua vez, abandonara a sua única irmã, que o amava. Redlaw vira, depois, morrer a irmã e ficara sozinho, acompanhado apenas pelas recordações que o torturavam. Na noite de Natal, porém, o espectro aparece a Redlaw e conversam longamente discutindo o passado e os desgostos e o espectro faz dádiva a Redlaw de um dom: o de esquecer, totalmente, o que lhe aconteceu antes, dom que poderá estender a todas as pessoas em que tocar. E Redlaw encontra os habitantes do pequeno mundo em que se move: a pobre família Tetterby, o estudante Edmundo Denham, o vagabundo George Swidgers... E acontecem as reacções mais estranhas. Charles Dickens, mestre de romancistas e um dos escritores ingleses mais importantes de sempre, recria, para nós, um universo especialíssimo e inesquecível, marcado por um fundo humanismo. O que é preferível: uma existência sem recordações ou a realidade dura, mas autêntica, de uma personalidade para cuja formação concorrem, inevitavelmente, a Alegria e a Dor?
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