Uma das mais importantes aberturas na trilha para o computador moderno foi feita pelo matemático inglês Alan Turing – surpreendentemente, quando ele estava solucionando um problema completamente diferente. Tímido e inseguro a respeito de suas origens de classe média, considerado excêntrico por aqueles que não o conheciam bem, Turing era capaz de revelar àqueles que eram mais íntimos um humor dissimulado e uma franqueza estimulante até mesmo sobre sua homossexualidade. Ele foi também uma das mentes mais argutas do século XX. A famosa dissertação de doutorado de Turing, em 1939, atacou um dos maiores desafios matemáticos de seu tempo, o “problema da decidibilidade”, ao propor uma imaginária máquina calculadora programável. A ideia de produzir, efetivamente, esta “máquina de Turing” não se cristalizou até que Turing e seus colegas em Bletchley Park construíram aparelhos para quebrar o Código Enigma dos nazistas, permitindo a vitória dos Aliados na Segunda Guerra Mundial. Ao longo do trabalho Turing conviveu com algumas das mentes mais brilhantes de seu tempo, como Newmann e Wittgenstein. Depois da guerra, ele tornou-se o campeão da inteligência artificial, formulando o famoso Teste de Turing, que desafia nossas ideias sobre a consciência humana. Mas os trabalhos de Turing no pós-guerra, no desenvolvimento do computador, foram interrompidos quando ele foi preso sob a acusação de violar leis anti-homossexuais e condenado a um “tratamento” que significava uma castração química.