O lado emocional da endometriose busca observar a correlação entre estratégias de enfrentamento (coping), depressão, níveis de estresse e percepção de dor em pacientes com endometriose. Sendo essa uma doença psicossomática, observa-se a necessidade de assistir as pacientes física e psiquicamente. No Brasil, temos cerca de 7 milhões de mulheres com endometriose e, ao buscar na literatura estudos que envolvam endometriose e Psicologia, poucos foram encontrados, principalmente se tratando de estudos que propõem metodologias de intervenção. Com isso, ao verificar como se correlacionam tais variáveis, a presente obra servirá de base para futuros estudos que proponham um modelo de intervenção eficaz. As hipóteses levantadas inicialmente eram de que pacientes com endometriose que utilizam estratégias positivas de enfrentamento apresentariam melhor adaptação ao estresse, melhor quadro em relação à depressão e menor percepção de dor. Foram analisadas 171 pacientes diagnosticadas com endometriose, em tratamento no setor de Endometriose da Divisão da Clínica Ginecológica do Hospital das Clínicas de São Paulo da FMUSP. Todas assinaram o termo de consentimento e preencheram escalas de coping (Cope Breve), depressão (Beck-II), estresse (ISSL-Lipp) e dor (Evad). As variáveis foram tratadas estatisticamente, adotando-se testes qui-quadrado, níveis de significância, divisão em clusters e Chaid. Comprovou-se a relação do emprego de estratégias positivas de coping com a diminuição da depressão e do estresse. Estresse e depressão aparecem relacionados, de modo que quanto maior o quadro de estresse, mais grave a manifestação da depressão, ou vice-versa, correlação que leva ao estresse psicológico. Quanto ao quadro de dor, constatou-se que mesmo sem depressão ou sem estresse, a dor ainda se faz presente em boa porcentagem das pacientes, porém, quando há dor severa, prevalecem níveis mais graves de depressão e o estresse psicológico. Além de esta obra trazer informações relevantes e atualizadas sobre a endometriose, beneficiando tanto as pacientes quanto os profissionais da área da saúde que atuam nesse cenário, objetiva também mostrar como a endometriose afeta significativamente o campo emocional dessas pacientes, enfatizando assim a necessidade do desenvolvimento de planos de tratamentos eficazes para esse contexto. Observando os resultados encontrados nesta obra, há um caminho do desenvolvimento de uma estratégia eficaz de tratamento, foco e assunto de nosso próximo livro.