O limão

O limão Motojirô Kajii


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O limão





Motojirō Kajii (1901-1932) morreu aos trinta e um anos, vitimado pela tuberculose que contraiu aos dezenove. A doença, com a qual conviveu por vários anos, é presença constante em seus textos, assim como a consciência da morte, pois ele perdeu vários membros da família para esse mal e não ignorava que teria o mesmo destino. E, talvez por isso, a escuridão na qual os objetos se fundem e desaparecem também seja outro tema frequente. Sua escrita, original e poética, revela uma sensibilidade e capacidade de observação extraordinárias. Um simples limão, um concerto musical, a paisagem contemplada de uma janela, cerejeiras em flor, sapos; cenas e objetos do cotidiano lhe despertam emoções e associações inusitadas.
Kajii nasceu em Osaka, frequentou uma escola técnica em Quioto com a intenção de estudar engenharia, mas seu interesse pela literatura o levou a ingressar no departamento de literatura inglesa da atual Universidade de Tóquio em 1924. No ano seguinte, ele criou a revista literária Aozora (Céu Azul) junto com amigos de Quioto que estudavam na mesma instituição. Boa parte de seus contos foi publicada nessa revista. Devido ao agravamento de sua doença, Kajii não concluiu o curso e passou algum tempo na estância termal de Yugashima, na Península de Izu, para convalescer, mas seu estado não melhorou e ele viveu seus últimos anos sob os cuidados da família em Osaka.
A coletânea O Limão (Remon), publicada em 1931, e o conto “Um paciente despreocupado”, publicado pouco antes de sua morte no ano seguinte, constituem praticamente toda a sua produção literária. Apesar da breve carreira de escritor, seus textos chamaram a atenção de autores renomados como Yasunari Kawabata (1899-1972), com quem Kajii jogava partidas de go e discutia literatura durante a estadia em Yugashima, e de críticos como Hideo Kobayashi (1902-1983). Hoje, muitos japoneses o conhecem por terem lido o conto que dá título a esta coletânea nas aulas de literatura do ensino secundário.
Os contos reunidos aqui descrevem as angústias, as alegrias e as pequenas descobertas cotidianas do autor. Neles, Kajii narra sonhos e devaneios de sua imaginação. Acontecimentos e cenas banais adquirem profundidade e se transformam em reflexos de sua “paisagem interior”.

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