Inaugurando uma nova linguagem jornalística, as revistas publicadas na cidade do Rio de Janeiro entre os anos de 1890 a 1930 apresentam uma estética moderna, apoiada no recorte, na colagem e no fragmento, justapondo fotografias a poemas, crônicas e comentários na apresentação da modernidade carioca. Capas atraentes, imagens inusitadas, diagramação elegante e moderna, cores, qualidade do papel, enfim, todos esses fatores acabaram se constituindo em poderosos atrativos que cativaram definitivamente os leitores
Neste livro, três ensaios com pontos de vista singulares analisam as distintas configurações do moderno elegendo as revistas como fonte e objeto da pesquisa histórica. Assim, investigam os diversos grupos intelectuais, seus elos com os grupos sociais que compunham a trama urbana carioca, a natureza diferenciada das revistas em função do público leitor e da própria concepção do que é moderno.
Por meio da iconografia são analisadas as subjetividades investidas na construção dos espaços modernos, evocando divertimento e alienação, prazer e medo, mobilidade e confinamento, expansão e fragmentação. Assim, vemos que uma das especificidades das revistas no mundo editorial foi a sua capacidade de conquistar tanto os leitores do pequeno mundo letrado, composto pelas elites intelectuais, como o grande público, que integra e compõe o conjunto da sociedade brasileira.
Gilberto Freyre, Ruy Barbosa, Monteiro Lobato foram leitores entusiastas e, também, colaboradores dessas publicações. Por outro lado, o grande público passava a ter acesso à leitura das crônicas literárias, dos romances e poesias, integrando outras dimensões do letramento. Às caricaturas, charadas, trovas, jogos de adivinha, conselhos, receituários de amor e beleza, ditos e saberes populares somavam-se enredos e personagens de outra natureza.
Os ensaios aqui reunidos propõem novos ângulos através dos quais pode ser visto o moderno. Barricadas de ideais ou espaço de sociabilidades, as revistas passam a funcionar como lugar estratégico de observação de uma realidade caleidoscópica.