- Eu sei que é intricado ser médico nesse país. É lastimável que faltem leitos, esparadrapos, remédios, estrutura para exames essenciais, gente gabaritada pra trabalhar e tudo mais, não só nesse, mas em quase todos os hospitais do Brasil. É assim e continuará sendo enquanto não aconteça algo de imponderável que mude a realidade perversa em que vivemos. Porquanto que não passa nada nas terras Cabral, somos nós médicos que temos, por obrigação, de aliviar a dor dos nossos pacientes. Eles não merecem sofrer o insuportável.
- Uma linda fala, mas a realidade é outra e a pergunta é uma só: O que faremos com esse garoto no momento em que clinicamente nada justifique que permaneça aqui? Oswaldo demonstrava uma preocupação excessiva.
- Encontramo-lo sentado em um banco de praça, parado; pode ter ficado horas ali, quem sabe? Portanto, teve um adulto, possivelmente alguém da família em quem ele confiava que o colocou na praça. Assim, a minha primeira conclusão é que ele tem uma família ou alguém que cuida dele é muito bem, porque ele a obedeceu. Porém, meu amigo, ele estava ali, quieto, sentado, morrendo de frio e não vestiu a malha, dobrada, ao seu lado. Ele morreria de frio, mas não iria vesti-la. Sabe por quê? Porque ele depende de alguém para fazer isso por ele, é esse alguém não estava ali para ajudá-lo. Conclusão: ele não sabia do perigo que corria.
Drama / Aventura / Romance / Literatura Brasileira