Condenado por decreto divino a reencarnar sucessivas vezes como um sofá, o narrador deste livro tem de sustentar e dar apoio, literalmente, a diversos tipos de aventuras amorosas e sexuais, presenciando cenas que vão do alegre ao trágico. De quebra, compartilha com os leitores as mais variadas histórias de sacanagem, além de desmascarar a falsa virtude, a hipocrisia, o instinto, a vaidade, a fantasia e outros tantos vícios humanos. Ele só vai encontrar a libertação quando acomodar o casal perfeito, isto é, duas pessoas verdadeiramente apaixonadas. Com este ponto de partida e uma ambientação digna de As mil e uma noites, Crébillon Fils dá estocadas de aparente imoralismo e impertinência, conduzindo a trama a um desfecho surpreendente. Mas antes de chegar até ele, o leitor vai entender uma das mais famosas máximas do autor - a de que o libertino é, antes de tudo, um impotente - e será levado a uma nova idéia de libertinagem.
Junto com Teresa Filósofa, de Boyer D Argens, "O Sofá" é um dos mais importantes clássicos libertinos do século 18.