Em um diálogo crítico com a historiografia mais recente, Laura de Mello e Souza repensa o papel da centralização monárquica na administração da América portuguesa. A autora defende a ideia de que a unidade brasileira foi vista primeiro por Portugal, antes mesmo que os próprios habitantes da terra cogitassem essa possibilidade.
Para Portugal, o século XVIII inaugurou uma nova concepção de império. Dom João V, Dom José I e Dona Maria - avô, filho e neta - quase que só olharam para o Atlântico Sul e, nele, mais para o Brasil que para a África. O sol e a sombra trata das estruturas e dos acontecimentos que possibilitaram o controle português sobre o Atlântico Sul setecentista. Ao enfatizar a ruptura entre a monarquia e as elites mais antigas da América portuguesa, a autora mostra como, por um lado, acirraram-se os sentimentos regionais e, por outro, a necessidade, a partir do centro de poder, de repensar o governo dos povos das conquistas.
O sol e a sombra trata também dos protagonistas da administração portuguesa na América: quem eram, por que deixavam a pátria, atraídos pelas possibilidades de enriquecimento e honrarias, mas acabavam muitas vezes por sacrificar parte considerável do próprio patrimônio. Laura de Mello e Souza defende a ideia de que a unidade brasileira foi vista primeiro por Portugal, antes mesmo que os próprios habitantes da terra cogitassem essa possibilidade. Mas deixa claro que as relações entre o governo e os governados são, como na metáfora do título, variáveis: dependem da distância que os separa, e mudam conforme o lugar a partir do qual os fenômenos são observados.
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