Com esta anotação incompleta, feita em 1637 no livro Aritmética, de Diofante, o matemático francês Pierre de Fermat, que morreu antes de descrever seu teorema, lançava o desafio que iria confundir e frustrar os matemáticos mais brilhantes do mundo por mais de 350 anos. O último teorema de Fermat, como ficou conhecido, tornou-se o Santo Graal da matemática. Vidas inteiras foram devotadas — algumas até mesmo sacrificadas — à demonstração de uma equação aparentemente simples. O livro é a história da busca épica para resolver um dos maiores enigmas de todos os tempos. Um drama humano de grandes sonhos, brilho intelectual e extraordinária determinação. Leonhard Euler, o maior matemático do século XVIII, teve que admitir a derrota. Sophie Germain assumiu a identidade de um homem para poder pesquisar num campo que era fechado às mulheres, e conseguiu avanços significativos no século XIX. Évariste Galois passou a noite escrevendo os resultados de sua pesquisa, antes de morrer num duelo em 1832. Yutaka Taniyama, cujas descobertas levariam à solução do enigma, matou-se em 1958. Paul Wolfskehl, um famoso empresário alemão, criou um prêmio valioso para a primeira pessoa que demonstrasse o teorema. Surgiu, então, um professor de Princeton, Andrew Wiles, que sonhava em demonstrar o último teorema de Fermat desde que o vira pela primeira vez, ainda menino, na biblioteca de sua cidade. Com medo da sucessão de fracassos de seus antecessores, durante sete anos publicou artigos sobre outros assuntos, de modo a despistar os colegas, enquanto trabalhava em sua obsessão. Em 1993, passados 356 anos desde o desafio de Fermat, Wiles assombrou o mundo ao anunciar a demonstração. Mas sua luta ainda não havia terminado. Um erro o fez voltar às pesquisas por mais 14 meses, até que, em 1995, ele ganhou as páginas de jornais do mundo inteiro e 50 mil libras da Fundação Wolfskehl.
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