“Vocês não nos matam. Nós é que escolhemos morrer!”, teria dito Vicki Walsh ao final de um cerco realizado pelos militares em 1976, na Argentina, ao completar 26 anos. Seu pai, Rodolfo Walsh – também militante dos Montoneros –, era uma figura de destaque no jornalismo investigativo por obras como Operação Massacre (1957) e dedicou duas cartas à filha. A partir delas, María Moreno investiga o que os textos expressam, suas lacunas, o valor do testemunho, e então tece uma rede de histórias que se desdobram em diversas frentes, reunindo ensaio literário, investigação jornalística, relato histórico e autobiográfico e uma espécie de registro antropológico e político que recorta e recompõe diversas camadas de sentido desses anos sombrios da história argentina.
Por que o escolhemos? Embora considerada uma das maiores jornalistas e escritoras da Argentina, a obra de María Moreno é pouco conhecida no Brasil. Acreditamos que a questão da ditadura militar argentina de 1976-1983, da repressão e da resistência, seja de extrema importância para entendermos certos aspectos da política recente de nosso país. A eleição presidencial na Argentina de Javier Milei e tudo que a mesma representa é mais um motivo para que esta obra seja lida.
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