Usando reminiscências de infância, o narrador de Os cavalinhos de Platiplanto faz um passeio lírico e contundente pelos desejos e frustrações dos personagens.
Poucos autores estrearam tão bem na literatura como fez José J. Veiga com este livro, em 1959, quando foi saudado pela crítica por sua prosa de características bastante singulares. Ao trazer reminiscências da infância, os doze contos do livro apresentam ao leitor um universo que mescla o embate entre os sonhos de seus personagens e a realidade do cotidiano.
Nesse sentido, o conto que dá título ao livro serve como síntese da obra, como aponta o escritor Silviano Santiago no prefácio desta edição. Para ele, a obra “consegue equilibrar a violência que domina o mundo real com a nostalgia do paraíso que se perdeu, somando à saudade do passado a realização do desejo”.
As dificuldades da vida adulta percorrem todo o universo narrativo do livro, como em Entre irmãos, selecionado entre Os cem melhores contos brasileiros do século, da editora Objetiva, em que dois rapazes confinados numa sala percebem que são irmãos e não conseguem diminuir o clima de desconforto e estranheza até o ambiente se tornar absolutamente sufocante.
José J. Veiga tem o seu lugar garantido entre os melhores contistas brasileiros, como irá atestar o leitor ao folhear as páginas dessas breves narrativas, que junto com o romance A hora dos ruminantes marcam o início do projeto de reedição da obra completa do autor pela Companhia das Letras.
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