Considerado o verdadeiro "pai" do direito natural moderno, Samuel Pufendorf escreveu, em Os deveres do homem e do cidadão de acordo com as leis do direito natural, um dos primeiros textos a sugerir que as leis derivadas da sociabilidade no Estado civil se assentavam nas convenções sociais, e não em valores transcendentes. O pensador alemão acreditava que, através da equiparação do direito natural com a vontade divina, seria possível entender as normas universais do direito racionalmente, sem necessidade de recorrer à revelação. Nas disputas religiosas, Pufendorf se manifestou firme partidário da tolerância, e, como grande parte do pensamento político do século XVII, sua teoria é uma resposta de índole prática aos horrores da Guerra dos Trinta Anos e à consolidação dos Estados soberanos e mercantis. Mas, como disse o cientista político James Tully, também é "uma resposta intelectual à destruição das tradicionais convicções morais e políticas - aristotélicas, escolásticas e humanistas - provocada pela crise cética inaugurada por Montaigne e Pierre Charron". Este livro, publicado em latim em 1673, teve tradução de Andrew Tooke para o inglês em 1691, e agora, traduzido por Eduardo Francisco Alves, ganha sua primeira edição em língua portuguesa através do convênio entre o Liberty Fund e a Topbooks.