PREFÁCIO À PUBLICAÇÃO EM PORTUGUÊS
Este livro sem dúvida é uma das mais importantes publicações que já fizemos e marca o início das atividades de O Estandarte de Cristo enquanto editora formal. O seu tema e exposição são do mais alto interesse de todos aqueles cristãos Reformados que também tomam para si o nome de “Batistas”. Como C.H. Spurgeon diz:
A doutrina do pacto de Deus está na raiz de toda teologia verdadeira. Tem sido dito que aquele que entende a diferença entre o Pacto de Obras e o Pacto da Graça é um mestre em teologia. Estou persuadido de que a maioria dos erros cometidos pelos homens acerca das doutrinas da Escritura está baseada em erros fundamentais com relação aos Pactos da Lei e da Graça.
O entendimento de que o “pacto de Deus” e a estrutura pactual da revelação e o relacionamento de Deus com Seu povo “está na raiz de toda a verdadeira teologia” era consenso entre todos os Batistas Particulares e Confessionais até os dias de Spurgeon. A teologia pactual está para o corpo da teologia bíblica assim como a coluna vertebral está para o corpo humano. A perda desse entendimento acerca da importância e da centralidade da teologia pactual foi talvez o mais terrível e incalculável dano que Satanás impôs àqueles que deveriam ser os herdeiros da teologia dos Batistas Particulares Puritanos ingleses, e isso ele fez principalmente ao roubar-lhes a sua Confessionalidade.
É triste ver que tanto a herança bíblica, confessional e pactual dos primeiros Batistas Particulares se perdeu a ponto de que hoje em dia o termo Batista é quase sinônimo de Dispensacionalista e Antinomiano (e Arminiano). E, por outro lado, os termos teologia do pacto, pactual, aliancismo, federalismo são quase sinônimos de Pedobatismo Presbiteriano.
Mas, graças ao nosso Deus, as coisas estão começando a mudar no cenário nacional. Há uma geração de jovens e pastores Batistas que está se levantando com poder, coragem e zelo para aprender e proclamar as doutrinas confessados pelos antigos Batistas Particulares; são pessoas sérias e de bom testemunho, desejosos da verdade das Escrituras e dispostos a pagar altíssimo preço de viver para a glória do seu Deus em meio a uma geração perversa. Sinto que Deus está fazendo uma grande obra entre nós!
E diante desse contexto, este livro do pastor Batista Reformado canadense Pascal Denault vem para suprir uma grande necessidade. O livro consiste em uma magistral, clara e fiel apresentação e comparação entre os dois principais federalismos do século XVII, o federalismo Batista de 1689 e o federalismo Presbiteriano. Apesar de jovem, esse livro já se tornou um clássico e leitura obrigatória para todos os Batistas e para aqueles que desejam entender seu federalismo.
Considero esse livro como a principal introdução do Federalismo de 1689 para os Batistas brasileiros: Primeiro, por trazer definições bíblicas, claras e confiáveis sobre a teologia pactual dos Batistas; segundo, por apresentar alguns dos autores mais importantes que trataram do assunto, pelas abundantes citações e uma vasta bibliografia para pesquisa e aprofundamento; terceiro, por mostrar habilidosamente a distinção inequívoca entre o Federalismo de 1689 e o Federalismo Presbiteriano de Westminster, pois percebo que há uma grande confusão e ignorância entre as definições e distinções (e, consequentemente, acerca das implicações práticas e doutrinárias delas) entre os modelos pactuais Batista e Presbiteriano; e, quarto, porque ajudará grandemente os Batistas brasileiros que têm se interessado pelas doutrinas bíblicas expostas na Confissão de Fé de 1689 a entenderem — com diz Spurgeon — como a doutrina do pacto de Deus está na raiz de toda teologia verdadeira, a entenderem a diferença entre o Pacto de Obras e o Pacto da Graça e a evitarem a maioria dos erros cometidos pelos homens sobre as doutrinas da Escritura, que estão baseados em falhas fundamentais com relação aos Pactos da Lei e da Graça. [...]
William Teixeira
Religião e Espiritualidade