São histórias de amor. São histórias, fragmentos, de vidas que se envolveram com este sentimento em variadas manifestações e eventos. Mas aqui encontramos esses flagras da realidade de forma tão singela, arduamente realista, mas com picos de extremo romantismo que atenuam e preenchem de doçura as linhas traçadas por este contador de histórias.
Observa-se na escrita de Caio Fernando Abreu uma despreocupação com elementos estéticos construídos com cautela para amenizar e empompar as cenas. Mais do que isso, uma tendência quase casual para um naturalismo resgatado, uma admiração pela patologia do comum, do não-enriquecido, como o mais puro e verdadeiro modo de expressar os enredos. É uma escrita forrada de paixão e de um contato próximo com a essência desejante do indivíduo. O conflito do estar desejando, o não-conflito ou a leveza de sonhar, a volúpia do prazer carnal, a culpa ou a naturalidade quanto aos conflitos da sexualidade, porém a certeza de ter o sentimento do amor presente, em suas diferentes etapas, seus fins e meios, seus certos e errados. É um livro de contos entrelaçados por este comum sentimento: o amor. Alguns têm seu final feliz, outros nem tanto ou talvez. Não importa. Importa aqui a intensidade, a força, a pureza, a cumplicidade que aflora nos indivíduos pelo despertar dele em suas vidas. Importa a forma como sentimos o momento presente, quando o amor acontece. E ainda, importa saber construí-lo, cultivá-lo, vivê-lo e preservá-lo.
Prêmio Jabuti 1989 de Melhor livro de Contos e Crônicas.
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